Não penso em assistir a essa programação dominical, esvaziada de propósitos, onde prolifera o desfazer humano. Aquieto-me no escritório, onde retomo minhas fotos de viagem. Detenho-me, então, numa imagem singela, de magnífica construção. Os acontecimentos foram se sucedendo desde Kusadasi, em uma van cheia de viajantes. A bela costa turca do mar Egeu, com seu passado helênico majestoso, desbravado dia após dia de primavera. Quinze ou vinte minutos e a van atingiu as ruínas de Priene. Não tive pressa, apenas antecipei-me aos demais passageiros e saí. Subi o pequeno promontório, a transpiração agora abundante gotejando da testa, escorrendo pelas sobrancelhas, segui meu roteiro pelas ruínas. Fiz meus rascunhos em grafite da Ágora, dos restos da igreja bizantina, do Buleterion, circulei por passagens estreitas, firmando os passos em pedras talhadas há mais de 2.000 anos. Completei meus desenhos e anotações com a Stoa sagrada e por fim, com o teatro, a jóia da coroa. Ao longe, estendia-se a planície outrora ocupada pelo mar. Alcancei o topo das arquibancadas bem conservadas e do alto, lancei um longo olhar para o seu entorno, apreciando a estrutura bem conservada, envolvida pelo silêncio dos escombros milenares. Vejo ainda uma vez a imagem da arena e em seu centro, a mulher enigmática, que despontava solitária pelo proscênio, e que volta a alimentar o desejo de uma aproximação...
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