31 outubro 2012

Corrientes, a media luz




Corrientes, tres cuatro ocho,
segundo piso, ascensor.
No hay porteros ni vecinos.
Adentro, cocktail y amor.
Pisito que puso Maple:
piano, estera y velador,
un telefón que contesta,
una vitrola que llora
viejos tangos de mi flor
y un gato de porcelana
pa' que no me maulle al amor.

Y todo a media luz
que es un brujo el amor,
a media luz los besos,
a media luz los dos.
Y todo a media luz
crepúsculo interior.
!Que suave terciopelo,
la media luz de amor!
(...)


(Edgardo Donato/Carlos Lenzi, 1925)



09 outubro 2012

Cinelândia


Uma panorâmica noturna da Cinelândia, espaço mágico, de belas reminiscências, destacando o Palácio Pedro Ernesto (Câmara Municipal), o Teatro Municipal, o monumento a Floriano Peixoto, a Biblioteca Nacional, e por fim, o charmoso Amarelinho.


07 outubro 2012

Grandes esperanças


Dia de eleições, possibilidade de mudanças na governança de São Paulo, já mais do que necessária. Expectativa de que Haddad possa romper com a morosidade conservadora, que atravanca os passos de nossa cidade, e permita com que o espírito da renovação possa nos resgatar a todos e proporcionar importantes transformações, sobretudo na educação e cultura.

Na Venezuela, o desejo é que Chávez confirme o favoritismo e prossiga com um projeto de governo voltado para os territórios da precariedade, no esforço coletivo para reduzir as desigualdades sociais. Na verdade, remeto-me a uma pergunta e a uma resposta, extraídas do texto Por qué Chávez? escrito por Jean-Luc Mélenchon e Ignacio de Ramonet: "Por qué Chávez despierta tanto resentimiento en sus adversários? Indudablemente porque, tal como lo hizo Bolívar, ha sabido emancipar a su pueblo de la resignación".

Não tenho dúvida de que o compromisso de se estabelecer o debate político e aprofundar o espírito crítico em uma sociedade em desenvolvimento, requer uma luta obstinada, contra inimigos poderosos e inescrupulosos, alimentados sabe-se lá por que mãos. Já nem falo sobre a sangria desatada no embate contra o cartel midiático, mas é importante destacar o valor estratégico da Venezuela e de suas riquezas minerais, algo que desperta a cobiça do capital forâneo. Os interesses mesquinhos dos grandes negócios corporativos não realizados têm um peso considerável nessa balança, contrapondo-se à promoção da justiça social como ação pública de mobilização da sociedade, sem privilégios. 

Por isso gosto dessa expressão, emancipar um povo da resignação. O conforto de nossa vida moderna pavimenta o caminho da imbecilização coletiva, oferecendo entretenimento e resignação. Um bom idiota pode tornar-se um gerente de marketing e cantar como vencedor. Um professor de filosofia empenha-se durante sua vida para iluminar as ideias que permearam a história social, e termina pregando ao vento. O dinheiro se estabelece como o parâmetro que define o que importa ou não, e haja competitividade.

A angústia da existência torna-se o distúrbio mal resolvido dos vencedores, quando na verdade ela é uma condição inescapável da jornada da vida. Por isso a tola importância, cada vez mais realçada no mundo neoliberal, das infinitas teorias sobre como vencer a partir da moldura, do supérfluo, pautada por vezes na intuição animal, nos moldes de como ser um vendedor pitbull. Normas que apenas aprofundam o compromisso com a individualidade, afastando-nos de quarenta mil anos de construção comunal. 

Creio que, neste ponto, podemos retomar o início da postagem.