15 outubro 2008

E o pânico...


... insuflado pelos bookmakers do capitalismo contemporâneo chegou a bom termo. Como em toda correria desenfreada - vulgarmente denominada de movimento de manada - ficaram as marcas da sandice financeira que varreu o mundo. Nada como um final de semana para estancar o delírio gerado no ventre do capitalismo pós-moderno. O liberalismo sem limites tornou-se o cassino desenfreado que vimos nestes últimos vinte anos espoliar as riquezas das nações, enriquecer uns poucos e empobrecer a grande maioria que sequer sabia como jogar. As práticas empresariais atiraram ao lixo a conduta ética e a desregulamentação dos procedimentos foi a tônica dos negócios. Tudo funcionou virtualmente até que o crash despontou no horizonte, e naturalmente foi ignorado. No mundo corporativo, você é reconhecido não pelo bom-senso, mas pela ousadia irresponsável. Para iludir o fracasso, surgem as grandes palestras e conferências de vencedores, que te incutem o espírito pitbull, e vamos que vamos.

Mas retorno aos agentes representantes do capitalismo contemporâneo, os quais encontro nos logradouros da região da Paulista. Como é bom vê-los mais aliviados, esboçando um sorriso menos enigmático por cima da gravatas laceadas. Melhor ouvi-los, pois voltam a dar vazão às boçalidades corriqueiras, seja numa piadinha ou num comentário de futebol, e isso é um bom sinal. Avançam em grupos, três, quatro, às vezes cinco naquele caminhar de lagartos ao sol, após a refeição. O mundo de todos nós (e não só o financeiro) parece brilhar mais intensamente com essa imagem informal, leve, solta, quase inofensiva.

Esses agentes, sempre vestidos a caráter (como os profissionais dos bons cassinos) irradiam a felicidade de mais uma jornada de apostas. Na semana passada, a sequência foi ruim, mas seus patrões sobreviveram, e por consequência, eles também. A refrega foi dura, eles se mostram como bons sobreviventes e ei-los sorridentes, prontos a assumir seus postos e lutar com mais afinco do que nunca, pelo bem da miséria humana.



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