Barraco, Porto Alegre, circa 1900 |
E a escalada rumo à insensatez se completa. Depois do desvario das apostas promovidas pelas grandes corporações financeiras, o drama ganha dimensão na alucinação produzida pelos meios de comunicação. Ao capitalismo contemporâneo, manipulado por agentes cada vez mais ensandecidos em busca do limite de rendimentos, a um tempo progressivamente mais curto, nada mais adequado que as vozes e as imagens que não explicam, porém aprofundam a emoção. O objetivo é inserir você, cidadão incauto, na roda da fortuna e em seus desdobramentos. Nada funciona sem que você seja envolvido nesse sistema de reações intensas, que o levarão a sentir o enjoo da tensão, para ao fim e ao cabo, quando algum resultado aparecer, você participar da ressaca, não com o espírito crítico enriquecido, mas com um estranho sentimento de haver participado da festa sem ter sido convidado.
Essa é a ideia: ninguém sai incólume. Após o fim das utopias, determinado pela implantação do ‘maravilhoso mundo das oportunidades’, não restou alternativa senão sermos engajados à força na realização dessa grandiosa contabilidade de perspectivas fascinantes. Passamos a sonhar juntos um mundo novo, pleno de consumo, subsidiado por todo o crédito possível, estimulado pelas vozes e imagens produzidas pelas corporações midiáticas. A ideia da ilusão estava implantada desde o princípio, agora sem as resistências incômodas de movimentos culturais ou sociais. Como tolos, embarcamos na empreitada, acreditando sempre na existência de um pote de ouro ao final do arco-íris. Enquanto a frustração estivesse restrita ao âmbito individual, o sistema se sustentaria sem inconvenientes. Mas quando, por fim, a frustração – e mais do que isso, a consequência do desvario – atingisse o centro da engrenagem, algo precisaria ser feito – e não explicado.
Afinal o capitalismo sempre se pautou na ideia do sucesso, da realização bem-sucedida do empreendimento e a contabilização dos lucros. O que ninguém imaginava era essa experiência levada ao extremo, aos limites do possível. Para os seus agentes – políticos, financeiros e midiáticos – seria uma forma de implantar a felicidade do capital, o mundo dos desejos ilimitados. Resultou que não se previa o desarranjo dessa ordem perversa, de modo que na reação improvisada que temos acompanhado nestes dias vemos a grande engrenagem política e financeira emperradas, enquanto resta à engrenagem midiática nos levar ao desespero, à insegurança, como forma de proteção de todo o sistema fracassado (eu disse fracassado, e não falido).
Percebam nos semblantes endurecidos desses porta-vozes globais o frio distanciamento. Notem em seus discursos a pouca preocupação pela informação, mas o cuidado em descrever a vertigem que devemos sentir. Constatem que as análises impõem uma saída que nos salve a todos, e não que se investigue os crimes cometidos. No final das contas não há culpados, ou, em outras palavras, isso não é importante, contanto que o mundo das delícias e dos desejos ilimitados seja resgatado. As vozes e as imagens midiáticas nos incutem o desconsolo de nossa fragilidade, e que dependemos – como o viciado da droga mais poderosa – desse nefasto mundo das oportunidades desvairadas.
Essa é a ideia: ninguém sai incólume. Após o fim das utopias, determinado pela implantação do ‘maravilhoso mundo das oportunidades’, não restou alternativa senão sermos engajados à força na realização dessa grandiosa contabilidade de perspectivas fascinantes. Passamos a sonhar juntos um mundo novo, pleno de consumo, subsidiado por todo o crédito possível, estimulado pelas vozes e imagens produzidas pelas corporações midiáticas. A ideia da ilusão estava implantada desde o princípio, agora sem as resistências incômodas de movimentos culturais ou sociais. Como tolos, embarcamos na empreitada, acreditando sempre na existência de um pote de ouro ao final do arco-íris. Enquanto a frustração estivesse restrita ao âmbito individual, o sistema se sustentaria sem inconvenientes. Mas quando, por fim, a frustração – e mais do que isso, a consequência do desvario – atingisse o centro da engrenagem, algo precisaria ser feito – e não explicado.
Afinal o capitalismo sempre se pautou na ideia do sucesso, da realização bem-sucedida do empreendimento e a contabilização dos lucros. O que ninguém imaginava era essa experiência levada ao extremo, aos limites do possível. Para os seus agentes – políticos, financeiros e midiáticos – seria uma forma de implantar a felicidade do capital, o mundo dos desejos ilimitados. Resultou que não se previa o desarranjo dessa ordem perversa, de modo que na reação improvisada que temos acompanhado nestes dias vemos a grande engrenagem política e financeira emperradas, enquanto resta à engrenagem midiática nos levar ao desespero, à insegurança, como forma de proteção de todo o sistema fracassado (eu disse fracassado, e não falido).
Percebam nos semblantes endurecidos desses porta-vozes globais o frio distanciamento. Notem em seus discursos a pouca preocupação pela informação, mas o cuidado em descrever a vertigem que devemos sentir. Constatem que as análises impõem uma saída que nos salve a todos, e não que se investigue os crimes cometidos. No final das contas não há culpados, ou, em outras palavras, isso não é importante, contanto que o mundo das delícias e dos desejos ilimitados seja resgatado. As vozes e as imagens midiáticas nos incutem o desconsolo de nossa fragilidade, e que dependemos – como o viciado da droga mais poderosa – desse nefasto mundo das oportunidades desvairadas.
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