11 outubro 2008

De 1968...


... para cá, os acontecimentos nos distanciaram dos caminhos abertos e saborosamente experimentados, proporcionando-nos um mundo orientado pela economia e pelo medo. Nunca a idéia de identidade foi tão anacrônica. Nas palavras de Bauman, “a idéia de ter uma identidade não vai ocorrer às pessoas enquanto o pertencimento continuar sendo o seu destino – uma condição sem alternativa”. Ou seja, no mundo “das oportunidades fugazes e das seguranças frágeis, as identidades tal como a conhecemos um dia simplesmente não funcionam”. Edgar Morin disse que “todas as pequenas doenças, as crises de fígado, as dores nas costas, desapareceram em maio de 68”, mas com o retorno do estado, os consultórios se encheram de novo. Hoje, o Estado desaparece e em seu lugar, a competitividade mortal do mundo corporativo. Somos cerceados pelo estresse, pelo individualismo, pela velocidade rumo ao futuro. Abandonamos a contestação, por mais efêmera que seja, sob o risco de atrapalharmos o trânsito. Fico a pensar o que significaria um indivíduo hoje colocar-se diante de uma coluna de automóveis, em plena avenida Paulista, parodiando o chinês que deteve uma coluna de tanques diante da praça Celestial... Simplesmente a paródia não seria considerada, a policia trataria de deter o “maluco”, sob as editorias sensacionalistas da mídia. Não há espaço – ou tempo – para o vislumbre de uma luz que ilumine a inquietude da alma.


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