29 novembro 2017

Sinais que vêm de Honduras



Honduras possui uma TV que rompe com o mainstream dominante local, com uma pauta atuante nestas eleições majoritárias do país.

Ou seja, um pequeno país de nossa América, com poucos recursos econômicos, controlado politicamente por uma elite cínica e autoritária, mas que consegue constituir uma emissora combativa, corajosa, que apresenta um jornalismo digno de elogios.

Juntamente com a rádio Globo de lá - que felizmente não guarda nenhuma relação com o nefasto conglomerado daqui e que foi minha fonte informativa dos eventos que sucederam a ação golpista de junho de 2009 - os méritos de se posicionarem contra a vilania do poder  político e econômico.

Vale a pena destacar o caráter antecipatório dos acontecimentos políticos de Honduras: em 2009 a ação dos grupos dominantes - mídia, judiciário, empresariado e partidos conservadores - contra o governo legal de José Manuel Zelaya. Foi a primeira vez que tomamos contato com o que se denomina hoje de "golpe prolongado ou suave". Anos depois seria a vez do Paraguai, e depois, de modo aperfeiçoado, o Brasil.  


Agora as eleições onde sacramentam a eventual vitória do oposicionista Salvador Nasralla, não reconhecida pelo principal partido da situação, o Partido Nacional. Simultaneamente, em uma ação aparentemente premeditada para se ganhar tempo, os dados consolidados são atualizados em conta-gotas pelo Tribunal Supremo Eleitoral. 


Um banho-maria que nos remete aos lamentáveis atos dilatórios da Proconsult e Rede Globo em 1982, quando na ocasião Leonel Brizola vencia no Rio de Janeiro, e que podem perfeitamente repetir-se de modo mais insidioso em 2018. 


Como o povo hondurenho, estejamos atentos, até lá não teremos muito mais o que perder, e o limite será nossa dignidade. 


(unetv.hn)
(http://www.radioglobohonduras.com/)


18 novembro 2017

Os descaminhos do velho jornalismo

Victor Hugo Morales e Roberto Navarro 

São os tempos obtusos de um 'neo-jornalismo', que destroça o que resta do bom jornalismo. Aqui no Brasil, as mudanças se deram de maneira lenta, gradual e segura, consolidando o descarte de experientes jornalistas por um punhado de pistoleiros sem qualquer brilho narrativo, contratados pela oligarquia midiática que apoiou o golpe político de 2016..

Na Argentina, ocorre a mesma articulação patronal de censura às vozes dissonantes. Há poucas semanas descartaram Roberto Navarro, que conduzia o programa Economia Política; e nestes dias, Victor Hugo Morales, que conduzia o programa El Diário, ambos no C5N, resultado de evidentes pressões políticas do atual governo

O macrismo assim estimula o relato jornalístico cínico e dissimulado. Para seus porta-vozes, os veículos de comunicação corporativos, jornalismo se faz com denuncismo vago e abjeto, comprado por trinta moedas. Nada resulta dessa caricatura sem pauta, que repercute seu sensacionalismo barato com a finalidade de propagar o silêncio dos cemitérios.

Por fim, é doloroso perceber a transfiguração dos meios de comunicação tradicionais, transformados em correia de transmissão dos interesses do Capital. Neste blog, é possível acompanhar as postagens desde o início e observar uma mídia que paulatinamente se asselvaja, fazendo a opção jornalística ao pior estilo murdochiano. 

Será com muito esforço que o verdadeiro jornalismo, sinônimo de liberdade de expressão, conseguirá recuperar sua credibilidade junto ao público, que não está indiferente à informação com qualidade.