Domingo passado, no horário nobre (?!), em um programa da C5N (Argentina) conduzido por Muriel Balbi, acompanhei três especialistas argentinos em relações internacionais comentarem acerca da exuberância da economia brasileira, da sua bem conduzida política exterior na América do Sul e no final, uma sóbria comparação entre os números da economia brasileira e argentina (renda per capita, reservas em dólares, crescimento econômico, valores exportados etc), descrevendo a robustez dos indicadores do estado brasileiro. Muita isenção e bom senso (não gosto desta expressão, mas, vá lá...) nas intervenções dos analistas, que agora lamento não ter anotado os nomes.
De todo modo, duas coisas me chamaram a atenção: um, a qualidade das análises feitas, fartamente ilustradas e apresentadas ao melhor estilo do jornalismo crítico; e dois, nunca presenciei semelhante exposição por parte de nossos colonistas (ainda há os desejosos pelo colonialismo!...), ao longo do governo Lula.
É doloroso ter de admitir, mas as melhores informações que pude obter a respeito da economia e da política externa deste governo, as tive a partir de um programa estrangeiro!... Isso confirma minha profunda desconfiança acerca do discurso ideológico que compromete o jornalismo produzido pelos grandes veículos de comunicação deste país, ressalvando umas poucas honrosas exceções. Costumo dizer aos meus alunos que, houvesse esse espírito de camaradagem na deformação da verdade, e não teria sido aplicada a censura no período militar.
Insisto para que construam o espírito crítico a partir da leitura dos mais diversos veículos informativos, principalmente do exterior, pois só assim para escapar da armadilha silenciosa por aqui montada, a respeito da omissão/deformação dos fatos. Degrada-se com isso a função do jornalismo, que desde sempre se norteou pelo esclarecimento e (por que não?!) formação do indivíduo. De modo corporativo, especializa-se em divulgar rebotalhos de notícias, no mais das vezes tendenciosas, com a preocupação essencial de ampliar audiência e negócios.
Esta é uma oportunidade propícia para dizer que, como cidadão (e não apenas consumidor), sinto-me no dever de questionar essa pasteurização da informação, que avança sem comprometimento com a ética. Faço a minha parte, não compro jornais ou revistas, nem acompanho a programas televisivos ou sites da internet que comunguem com esse tipo de vilania informativa.
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