08 janeiro 2011

Agonias de um passado (4)



(...) Reformas. A luta continua. O que poderíamos denominar como Governo insiste em empurrá-la goela abaixo da população, sem sequer propor uma discussão. O que poderíamos denominar de Oposição – cerca de um quinto da bancada do Congresso e mais algumas entidades não-governamentais por este Brasil – tenta obstaculizar heroicamente o que parece ser o rumo irreversível dos acontecimentos. A mídia joga o seu peso descarado no que acredita ser "as mudanças saudáveis e necessárias" e uma nuvem cinzenta de deputados conservadores atuam numa política pendular no meio dessa barafunda sem fim, ora apoiando o governo, ora rejeitando as mudanças, principalmente quando estas vêm no sentido de acabar com o fisiologismo. 

Ninguém se entende, o governo vai e vem e nada engrena. A Previdência e os monopólios estatais (Petrobrás e telecomunicações) são o alvo preferido nesta tal de reforma constitucional. FHC acabou de retornar de uma viagem à terra de tio Sam onde certamente foi pedir a benção e receber um pito por não desenvolver como deveria a política estabelecida pelo Consenso de Washington. "Que merda de servilismo inoperante é esse?", devem ter guinchado os líderes da Metrópole!

Enfim, o certo é que a marcha irreversível dos acontecimentos deve ganhar fôlego novo e impor as mudanças, passando por cima da oposição desgastada e desfigurada. Com que armas poder-se-ia resistir à fome capitalista, à urgência de reestruturação da nova ordem mundial? (...)

(in Diários, sábado, 22 de abril de 1995)



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