Como era de se prever, o ditador de Honduras e seus acólitos começam a deixar o poder que usurparam. E como também era de se esperar, o mundo reconhece a correta conduta do Itamarati. As exceções, além dos redutos conservadores, ficam por conta do jornalismo blasé da CNN e do megalômano oligopólio midiático deste país. Nos dois casos, a notícia distanciou-se de tal modo da realidade que se tornou matéria de ficção, uma ficção descartável, e o público, mais uma vez um campo de testes dessa ficção (o que não significa de acordo com um comportamento passivo e tolerante nessa estrutura impositiva).
Para essa classe de mídia, que encontra ressonância em uma parcela social, ainda hegemônica e ainda dominante, os fatos ocorridos em Honduras nada mais foram do que uma 'transição forçada de poder', que teria se desdobrado em 'um imbróglio entre as partes conflitantes'. Simples assim. Ou seja, além de transformar as relações complexas da situação em um painel insosso, que se ridiculariza por si mesmo, esses meios fazem tábula rasa do que foi uma brutal ação golpista, que baniu um presidente constitucional, reprimiu vozes sociais e empastelou vozes midiáticas.
Mas não quero me estender nesse assunto; o ditador e seus acólitos estão de saída, derrotados, como não poderia deixar de ser. E para o oligopólio midiático que acreditou na boa vontade do ditador, uma sugestão: que tal contratá-lo como cronista ou analista político? E com o tempo, encomendar as memórias do golpe por quem comandou o golpe, ou no caso, a 'transição forçada de poder'. Com a crescente mercantilização da informação, tem-se aí mais um bom negócio.
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