13 fevereiro 2009

Todd Gitlin


Finalmente, a torrente furiosa de imagens e sons traz consigo um paradoxo que deveria contestar qualquer presunção ocasional de que mais é melhor, de que o superfluxo das mídias é sinônimo de progresso. Enquanto nossos olhos e ouvidos aceitam imagens e sons em toda a sua abundância, estamos de costume sentados para recebê-los. A torrente passa em disparada mas nós – apesar dos exercícios na esteira, dos walkmen, das rádios esportivas – estamos quase sempre imobilizados.
As novidades jorram adiante, mas o telespectador refestelado no sofá continua inerte. Quanto às conseqüências humanas da vida sedentária, pode-se alegar alguma hesitação, mas parece improvável que a fast food seja a única razão pela qual o povo do controle remoto, da TV a cabo e da internet acabou ficando espantosamente obeso.
Sem dúvida médicos pesquisadores serão cada vez mais ouvidos a respeito deste assunto nos próximos anos, quando repórteres baterem a sua porta buscando confirmar a intuição de que a inércia acrescenta gordura à carne e novos remédios químicos para a obesidade forem promovidos – na televisão, onde mais? Na era do fluxo incessante de imagens, não há angústia social que não possa ser atendida com uma mercadoria, um moda e uma aparição no noticiário – nenhum dos quais serve para dissolver a angústia
”.
(in Mídias sem Limite).


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