O amor por fim alimentava o coração. Aos 50, não era um
sentimento desvairado, oculto entre incógnitas e surpresas, desta feita sabia o
que era e como protegê-lo. E saboreava-o gostosamente, talvez fosse esse o
benefício da madurez tardia. Saboreava-o em sonhos e reminiscências, mas
sobretudo quando estava ao lado dela, como naquele momento, sentados no
anfiteatro, atentos ao desdobramento das conferências.
Ao tocar em sua mão, mais do que sentir a textura delicada da mulher que amava, Binessen sentia o calor profundo de seu corpo, a respiração pausada em terna expectativa. Por mais que desejasse apressar o tempo para tomá-la nos braços, confortava-se então com as nuances de um ardor que o envolvia e o estimulava de modo especial, e porque sabia que era recíproco.
Não perdia a chance de observá-la vez por outra, sob a luz baça que escapava do palco, quando resgatava os dois grandes olhos azuis para si, envoltos na opacidade típica de uma expressão serena... Era a melhor prova de amor que podia dispor, naquela inquietude tão cúmplice.
Nenhum comentário:
Postar um comentário