04 fevereiro 2009

(Brevidades subjetivas em um jogo de tênis)




Nenhuma novidade, a não ser um veículo com alto-falantes, do lado de fora da cancha, anunciando de maneira ruidosa as novas e desesperadas liquidações. Você se concentra para repor a bola em jogo, enquanto aguarda que ele passe. Há um silêncio dentre aqueles que o observam, até mesmo do jogador adversário, uma forma de respeito e ansiedade contidos, prestes a desabrochar em fúria, mas vamos lá. 

Uma vez realizado o saque, recomeçam os movimentos longamente ensaiados, braços soltos em amplos volteios, os golpes certeiros e pouco inspirados até surgir um bom drive cruzado, um forehand na paralela, uma bola mais curta, outra mais funda, o approach que resulta no voleio bem sucedido junto à rede, ou numa patética bola longa demais, um ponto a favor ou contra. E o recomeço do jogo.

Segue a partida sob aplausos, sob murmúrios de decepção. Acertos e erros, a prática contínua que o habilita a enfrentar as particularidades do jogo com mais naturalidade, embora... embora você possa se assustar com sua continuidade, uma insegurança momentânea que intervenha de súbito e atrapalhe a estratégia delineada. 


Da plateia, uma palavra de desaprovação chegará aos seus ouvidos, proferida por algum observador extemporâneo, que não sabe exatamente como segurar uma raquete. Este observador talvez esteja mais atento com a tragédia do mundo, que pode se resumir a sua mera incompetência pessoal em viver a vida. Eis um sujeito próspero em promover o subterfúgio, sem que isso lhe traga ganhos ou perdas, sem que isso acrescente absolutamente nada.

É o momento de retomar a concentração, não é fácil. Quem sabe lembrar do vendedor de pipoca lá fora, aquele sujeito mais desinteressado do mundo, que com seu método peculiar de trabalho, terá sempre um saquinho quente e apetitoso do que melhor sabe fazer. Nessa altura dos acontecimentos, quer coisa melhor?


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