O senhor Takeda chegava antes de todos e dirigia-se à sala dos malotes. Sentava ao lado da grande mesa e punha-se a olhar através da vidraça, do alto do décimo andar. Fixava-se longamente nos detalhes do mundo, como se sentisse um prazer especial deixar-se levar por eles. Então chegava o primeiro estagiário, e depois outro, os demais empregados e por fim os malotes, que deveriam ser organizados sobre a grande mesa e despachados para as unidades da empresa.
Cumpria o serviço com desenvoltura, encerrado em seu silêncio monástico, que só era quebrado quando começava a sessão de piadas. Os oito ou dez colegas que mergulhavam juntos naquela atividade lúgubre se divertiam um bocado, o que fazia o tempo passar mais rápido, impedindo que os gestos previsíveis os entediassem além da medida. Era o momento em que se vislumbrava um semblante vagamente animado no senhor Takeda.
Após um tempo de anedotas frescas, alguém se lembrava de recontar a única que o senhor Takeda, em um dia de muito bom humor, contou. Inventava-se algo novo, um início diferente, um personagem mais estranho, bem, fosse como fosse, era ao final da inevitável reprise que se ouvia a solitária gargalhada. Os olhos do senhor Takeda brilhavam satisfeitos, seus bracinhos ganhavam agilidade com os malotes, uma fugaz alegria que contagiava os outros.
A sala ficava esvaziada de malotes, o cheiro de lona manuseada permanecia no ambiente e cada um se dirigia ao seu posto nos recintos anexos, para outras atividades. Restava então ao senhor Takeda, sem função definida na organização, retornar à cadeira diante da vidraça e acompanhar as cenas da manhã, automóveis contidos no tráfego, buzinas, cãozinho negro indo e vindo, semáforo verde, semáforo vermelho, copas das árvores abertas para os fios telefônicos, pessoas caminhando agitadas, encontro de um casal, o longo beijo...
Cumpria o serviço com desenvoltura, encerrado em seu silêncio monástico, que só era quebrado quando começava a sessão de piadas. Os oito ou dez colegas que mergulhavam juntos naquela atividade lúgubre se divertiam um bocado, o que fazia o tempo passar mais rápido, impedindo que os gestos previsíveis os entediassem além da medida. Era o momento em que se vislumbrava um semblante vagamente animado no senhor Takeda.
Após um tempo de anedotas frescas, alguém se lembrava de recontar a única que o senhor Takeda, em um dia de muito bom humor, contou. Inventava-se algo novo, um início diferente, um personagem mais estranho, bem, fosse como fosse, era ao final da inevitável reprise que se ouvia a solitária gargalhada. Os olhos do senhor Takeda brilhavam satisfeitos, seus bracinhos ganhavam agilidade com os malotes, uma fugaz alegria que contagiava os outros.
A sala ficava esvaziada de malotes, o cheiro de lona manuseada permanecia no ambiente e cada um se dirigia ao seu posto nos recintos anexos, para outras atividades. Restava então ao senhor Takeda, sem função definida na organização, retornar à cadeira diante da vidraça e acompanhar as cenas da manhã, automóveis contidos no tráfego, buzinas, cãozinho negro indo e vindo, semáforo verde, semáforo vermelho, copas das árvores abertas para os fios telefônicos, pessoas caminhando agitadas, encontro de um casal, o longo beijo...