25 outubro 2018

Sinais que vêm e vão

Tuca, noite de 22.10.2018

Mais uma vez o campo popular esteve representado por milhares de pessoas no Tuca para a arrancada rumo à vitória. Em 2014 ocorreu o mesmo e não tenho dúvidas que o encontro de então catapultou a virada de Dilma sobre Aécio. Desta vez, começamos a semana ali, com uma série de ritos emocionados, com a presença de personalidades representando significativas parcelas da sociedade civil. Foram pesquisadores, estudantes, artistas, torcidas uniformizadas, lideranças religiosas, que marcaram presença diante de centenas de pessoas dentro e fora do teatro. 

Concentrações assim promovem a convicção de que nossas ideias e nossos atos políticos encontram terreno fértil no comum, em irmandade cívica, projetando sonhos e desejos encarnados por nossos candidatos ao poder. A energia do encontro contagiou a todos em meio a audições, cantorias, palavras de ordem, com a profunda esperança de mobilizarmos uma grande força para a vitória de domingo.

Neste momento, a pouco mais de 60 horas do início da votação, as pesquisas indicam uma diminuição da distância entre o candidato militar e Haddad. O Vox Populi de hoje apresenta um quase empate técnico, 53% a 47%, bem abaixo do quadro de dez dias atrás. Ontem, o Ibope mostrou que na capital paulista, Haddad superava o capitão em 51% a 49%, provavelmente resultado de um crescente apoio evangélico, e foi sob esses indicadores que uma grandiosa concentração no Largo da Batata ocorreu ontem.

Embora não tenha comparecido ao evento, fui tomado por uma sensação muito positiva à noite, o que absolutamente não tem nada de científico - tratou-se de mais uma dentre tantas impressões voláteis que me alimentaram nessas conturbadas eleições. Às vezes ocorrem de maneira intensa, dando a entender que algo inexcrutável está em movimento. Ao longo das manifestações de 2013 ocorreram tais impressões, que me anunciavam algo desagradável. No primeiro turno destas eleições, cheguei a sentir algo poderosamente ruim logo depois da grande manifestação do #EleNão, o que não foi exclusividade minha, mas de inúmeros amigos próximos.

Os acontecimentos estão em marcha e ao acompanharmos fragmentos de suas manifestações, tomamo-los em uma dimensão dramática ou catártica. Ontem à noite estava à beira da catarse, submetido a tantos sinais via redes digitais que me faziam acreditar que avançávamos de maneira inapelável rumo à vitória. Agora, em que os sinais são menos intensos, retomo apenas aquela vaga esperança militante de que tudo terminará bem para nossas cores.


Nenhum comentário: