Tuca, noite de 22.10.2018
Mais uma vez o campo popular esteve representado por milhares de
pessoas no Tuca para a arrancada rumo à vitória. Em 2014 ocorreu o mesmo e não
tenho dúvidas que o encontro de então catapultou a virada de Dilma sobre Aécio.
Desta vez, começamos a semana ali, com uma série de ritos emocionados, com a
presença de personalidades representando significativas parcelas da sociedade
civil. Foram pesquisadores, estudantes, artistas, torcidas uniformizadas,
lideranças religiosas, que marcaram presença diante de centenas de pessoas
dentro e fora do teatro.
Concentrações assim promovem a convicção de que nossas ideias e
nossos atos políticos encontram terreno fértil no comum, em irmandade cívica,
projetando sonhos e desejos encarnados por nossos candidatos ao poder. A
energia do encontro contagiou a todos em meio a audições, cantorias, palavras
de ordem, com a profunda esperança de mobilizarmos uma grande força para a
vitória de domingo.
Neste momento, a pouco mais de 60 horas do início da votação, as
pesquisas indicam uma diminuição da distância entre o candidato militar e
Haddad. O Vox Populi de hoje apresenta um quase empate técnico, 53% a 47%, bem
abaixo do quadro de dez dias atrás. Ontem, o Ibope mostrou que na capital
paulista, Haddad superava o capitão em 51% a 49%, provavelmente resultado de um
crescente apoio evangélico, e foi sob esses indicadores que uma grandiosa
concentração no Largo da Batata ocorreu ontem.
Embora não tenha comparecido ao evento, fui tomado por uma
sensação muito positiva à noite, o que absolutamente não tem nada de científico
- tratou-se de mais uma dentre tantas impressões voláteis que me alimentaram
nessas conturbadas eleições. Às vezes ocorrem de maneira intensa, dando a
entender que algo inexcrutável está em movimento. Ao longo das manifestações de
2013 ocorreram tais impressões, que me anunciavam algo desagradável.
No primeiro turno destas eleições, cheguei a sentir algo poderosamente ruim
logo depois da grande manifestação do #EleNão, o que não foi
exclusividade minha, mas de inúmeros amigos próximos.
Os acontecimentos estão em marcha e ao acompanharmos fragmentos
de suas manifestações, tomamo-los em uma dimensão dramática ou catártica. Ontem
à noite estava à beira da catarse, submetido a tantos sinais via redes digitais
que me faziam acreditar que avançávamos de maneira inapelável rumo à vitória.
Agora, em que os sinais são menos intensos, retomo apenas aquela vaga esperança
militante de que tudo terminará bem para nossas cores.
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