21 outubro 2018

Semana decisiva


Avenida Paulista, 20.10.2018

Nestes tempos de conexão digital, os fatos se desdobram com incrível rapidez, o que não significa que estejamos nos informando com qualidade. A produção de imagens e dos memes não está submetida à veracidade histórica e dessa maneira, tem a força de mera peça publicitária. A irresponsabilidade na difusão de uma assertiva tomada como verossímil, sem a devida checagem de sua origem ou de seu propósito, acaba como uma prática sem propositura educativa, revelando-se justo o oposto, o esforço em alimentar um plano ideológico equivocado, injusto, retrógrado.

O jogo democrático ficou exposto com a revelação de que agências de marketing digital facilitavam a disseminação de conteúdo contra o PT, significa dizer, uma plataforma como o WhatsApp utilizada como veículo para o envio de milhares de mensagens políticas, as chamadas notícias falsas (fake news) a serviço de um candidato. Na verdade, memes ou imagens produzidas de modo grosseiro, como as "mamadeiras eróticas de Haddad" ou a camiseta da Manuela com os dizeres "Jesus é travesti" - quando na verdade a mensagem era "Rebele-se".

Essa poderosa ação, que pode ter mudado o rumo do pleito no final do primeiro turno, a chegada de candidatos pouco conhecidos, no Rio com Wilson Witzel e em Minas Gerais com Romeu Zema, se constituiu em financiamento eleitoral proibido pelo STF, que até o momento, assim como o TSE, não se manifestou sobre o escândalo. Se é clara a impressão de que a candidatura Haddad-Manuela não conta com qualquer amparo institucional, vale dizer, dos tribunais de justiça ao sistema financeiro, passando pelos quartéis militares, dependendo completamente da força popular, também fica evidente o nada discreto apoio que a outra candidatura tem nessas esferas de poder.

Resta saber nas próximas pesquisas que sairão nesta semana, o estrago que a denúncia do jogo ilegal da campanha do candidato da direita causou no eleitorado. Até onde se pode esperar importantes alterações na disputa, contando com a sensibilidade e percepção do eleitor em relação à fraude eleitoral constatada? Até onde o desejo de mudança expresso nas sondagens se associa a esse tipo de maracutaia promovida por um candidato que diz combater a corrupção que está aí? Aguardemos ansiosamente os próximos dias.
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Ontem tivemos mais uma forte demonstração pelo país - não tão animada e intensa como a de duas semanas atrás - da frente "O Povo Feliz de Novo", com milhares de pessoas e organizações sociais mobilizadas, cuja concentração em São Paulo começou na avenida Paulista, transformou-se em corso e encerrou a atividade em frente a catedral da Sé. 

Talvez seja interessante expressar minha opinião, meu sentimento em relação ao momento presente: há um palpável rechaço ao representante fascista, em nossas conversas informais com trabalhadores que morando nas periferias, trabalham na região da Paulista. Não identificamos, em absoluto, uma maioria determinante a favor dessa candidatura que nos sinalizasse (para mim e minha querida M.) uma preferência dominante. Ao contrário, quando encontramos indecisos, estes se mostraram inclinados ao voto por Haddad. Mas o que surpreende é o voto admitido em Haddad que, por vezes, vem com convicção, como desacordo ao comportamento irresponsável e preconceituoso do adversário. 

Enfim, com o bloqueio dessa ação ilegal bancada por empresários em favor da direita, nesta reta final, recompõem as chances de um triunfo que seria muito bem-vindo, ainda que persista essa incômoda nuvem cinzenta do judiciário, onde uma penada pode modificar repentinamente uma vitória do campo popular. Como percepção pessoal, considero que a vitória de Haddad só seja possível com o voto maciço dos rincões distantes e das periferias urbanas, sem contar com a majoritária adesão dos indecisos e dos que desejam anular o voto, cerca de 15%. 

Uma vez mais está posto o confronto de interesses entre a classe trabalhadora e a burguesia. 


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