Ah, quantas vezes mais ouviremos e veremos e leremos sobre discussões na casa dos brothers?... Quantas vezes mais saberemos dessas peripécias que não nos dizem respeito? Artimanhas, intrigas, sandices, fórmulas reproduzidas à exaustão, repassadas como possibilidades naturais de convívio... Quantas vezes mais insistirão acerca desses episódios forçados, diluindo paulatinamente o sabor da vida?... O que mais nos falta ver na existência tão esvaziada dessa casa, o que mais tentarão nos vender a partir de vivência tão artificial?... Multiplicidade de signos depauperados, que se perdem em uma repetição monótona, perpassando o bom senso de espectadores que no fundo, desprezam esse exercício de futilidade!...
O Haiti é lá, o Haiti é aqui, o Haiti está por todos os lados, o que não interessa aos verdugos midiáticos, preocupados em explorar oportunidades, promover novos produtos... Nunca, a alma desmesuradamente pequena! Falei do Haiti, pois essa é a outra fatia do produto, a notícia explorada em sua faceta mais tormentosa, o drama como um espetáculo doloroso, individualizado em seu sofrimento, essa, a fatalidade humana que nos é revelada...
Homens e mulheres sobrevivem à tragédia, uma sociedade se recompõe de algum modo, maculada por novas situações alarmantes, porém, a vida continua. E disso nada ficamos a saber. As equipes de jornalismo, tão logo expira o prazo provável de se retirar algum infeliz dos monturos, retira-se para outros cenários mais promissores. Resta a vida em reconstrução, não reportada, vagamente anunciada, e fim, não há mais Haiti ...
Tempo de ver o que passa na casa dos brothers. E de novo, as briguinhas que nadificam a espécie humana, as conspirações fomentadas à socapa, que levam a fulminar um de cada vez, até que o babaca mor vença, sob os auspícios de uma comemoração supimpa, choros e abraços... Um milhão no bolso e os contratos de imagem, a voz repercutida para falar das bobagens que estão a anos-luz de nossa vida cotidiana... Tornam-se celebridades, esses todos, os personagens de um ensaio mercadológico. Celebridades...
Nos Haitis desse mundo real, penso nas mães que carregam seus filhos famélicos, desesperadas, sem voz, mergulhadas no silêncio de sua inexistência, cavoucando o solo no vão esforço em torno da sobrevivência. Elas não sabem do que se trata o termo celebridade, não fazem a menor ideia do que possa representar um milhão de reais. Porém são as verdadeiras celebridades, sentem a emoção genuína da gente que comunga as faltas, são o sal da terra em que vivem. Sofrem, choram, mas sorriem, amam, estão imunes à delação, à dissimulação, ao vazio mais acachapante de sentimentos... Carregam além do corpo, uma esperança e muitos desejos embalados nas noites menos atribuladas...
Não há nada de mais contundente no drama da vida, mas o que se há de fazer, são evidências que já não despertam o menor interesse...
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