(...) Costumávamos
saltar na estação e andar por caminhos distintos. A primeira foto que fiz ela
estava sentada na plataforma deserta, observando o bosque que se estendia até o
rio, olhar viçoso, decorado pelos lindos brincos com pingentes de flores. No
verão, era comum descermos pelo caminho gramado, que serpenteava as árvores,
até a borda do rio. Acomodávamo-nos sob o remanso de uma copa acolhedora,
quando me estendia sobre a relva.
Ela
sentava-se sobre um fragmento de rocha e então punha-se a observar os navios ao
longe, que partiam para distintos destinos, talvez imaginando-se passageira de
um deles a caminho do mundo. Deleitava-se com a brisa a alvoroçar continuamente
os cabelos cacheados. O sol, quando banhava sua fronte, revelava os
contornos de uma beleza rutilante, que exalava felicidade. Ouvíamos o
murmulho ritmado das águas a nos alcançar timidamente e o estalar da vegetação
balouçada pelo vento. No inverno, costumávamos seguir até a praça para uma taça
de vinho, ao abrigo de um dos bistrôs.
Era
quando nos deixarmos levar pelo tempo de nossas conversações, quando confirmava
sua beleza sob outra luminosidade, mais discreta, adornada pelo tremeluzir das
velas. Seus olhos resplandeciam uma luz deleitosa e não havia coisa melhor
do que perder-me em seu sorriso, em enredar-me nos seus caprichos (...)
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