26 agosto 2009

Pour une femme




(...) Costumávamos saltar na estação e andar por caminhos distintos. A primeira foto que fiz ela estava sentada na plataforma deserta, observando o bosque que se estendia até o rio, olhar viçoso, decorado pelos lindos brincos com pingentes de flores. No verão, era comum descermos pelo caminho gramado, que serpenteava as árvores, até a borda do rio. Acomodávamo-nos sob o remanso de uma copa acolhedora, quando me estendia sobre a relva. 

Ela sentava-se sobre um fragmento de rocha e então punha-se a observar os navios ao longe, que partiam para distintos destinos, talvez imaginando-se passageira de um deles a caminho do mundo. Deleitava-se com a brisa a alvoroçar continuamente os cabelos cacheados. O sol, quando banhava sua fronte, revelava os contornos de uma beleza rutilante, que exalava felicidade. Ouvíamos o murmulho ritmado das águas a nos alcançar timidamente e o estalar da vegetação balouçada pelo vento. No inverno, costumávamos seguir até a praça para uma taça de vinho, ao abrigo de um dos bistrôs. 

Era quando nos deixarmos levar pelo tempo de nossas conversações, quando confirmava sua beleza sob outra luminosidade, mais discreta, adornada pelo tremeluzir das velas. Seus olhos resplandeciam uma luz deleitosa e não havia coisa melhor do que perder-me em seu sorriso, em enredar-me nos seus caprichos (...)



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