19 julho 2009

A aristocracia paulistana




Está na revista Carta Capital desta semana:

"Os lojistas da rua Oscar Freire, templo de consumo e ostentação nos Jardins paulistanos, criaram uma engenhosa fórmula para afugentar os moradores de rua da região. Trata-se do vale-esmola. As empresas distribuem os cupons entre os clientes e os orientam a entregar o papel aos pedintes, em vez de oferecer doações em dinheiro. O 'vale-valor', como a iniciativa foi batizada, só pode ser descontado na Casa Restaura-me, entidade assistencial localizada cerca de 15 quilômetros das reluzentes vitrines de joalherias e grifes estrangeiras da rua. (...)"

Como denominar esse tipo de atitude? O que esperar dessa aristocracia deslocada no tempo, que acredita em carruagens e se emociona com histórias encantadas? E que pensa que a miséria nas ruas se resolve se o miserável tiver menos preguiça e mais vontade de trabalhar? E que bandido bom é bandido morto?...

Lembram-se do furto que o Luciano Hulk sofreu nesta mesma Oscar Freire? Do texto que ele escreveu chamando o capitão Nascimento, da Tropa de Elite, para resolver (na base da porrada) a questão da (sua) segurança? E lembram-se do texto do Ferréz, discutindo a miserabilidade que conduziu o sujeito a furtar o reloginho de 20 mil reais?

Ambos os textos foram publicados na Folha de SP. Pontos de vista distintos, análises sociais distintas. Pois Ferréz respondeu processo por apologia ao crime e violência.

Casa grande e senzala, meus caros. Ainda se ouve o estralar do chicote.


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