04 fevereiro 2013

Elegia Lírica


Vinícius me acompanha desde sempre, ou serei eu quem o persegue a partir de suas marcas... No início, apenas vagamente, como compositor, ainda jovem não conseguia distinguir o grande poeta. E com a maturidade dos anos, adentrei seus versos e passei a fazer o que costumeiramente fazemos quando reconhecemos um mestre, me entreguei a sua sabedoria. 

Como muitas apreensões emocionadas em minha vida, a vez da poesia de Vinícius me instigou por uns anos, no final dos 80 e começos dos 90, época de resistências, de recomposições, de espera de um grande amor. Agora, na passagem de seus 100 anos, retorna com vigor, dando-me a chance de apreciar o restante de sua obra. 

São outras circunstâncias, e o retomo com o afã dos que já não deseja desperdiçar a beleza do instante.

Do instante vivido, do sonho sagrado.


-o-

(...)
Tudo é expressão.
Neste momento, não importa o que eu te diga
Voa de mim como uma incontensão de alma ou como um afago.

Minhas tristezas, minhas alegrias
Meus desejos são teus, toma, leva-os contigo!
És branca, muito branca
E eu sou quase eterno para o teu carinho.
Não quero dizer nem que te adoro
Nem que tanto me esqueço de ti
Quero dizer-te em outras palavras todos os votos de meu amor jamais sonhados 
(...)

O maior medo é que não me ouças
Que estejas deitada sonhando comigo
Vendo o vento soprar o avental da tua janela
Ou na aurora boreal de uma igreja escutando se erguer o sol de Deus.
(...)

No fundo o que eu quero é que ninguém me entenda
Para eu poder te amar tragicamente!


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