11 abril 2011

Sobre a vocação midiática



Senão vejamos:

O fim de mais um big brother, o de número 11, cuja duração, longe de registrar algum fato digno de destaque para além do mundo mercadológico, provocou tédio e, porque não acrescentar, repulsa.

Como os anteriores, pretensioso, vazio e descartável. Um desses acontecimentos midiáticos que se escoram no apelo indecente dos contratos assinados, esmorecem com o tempo e, sem que ninguém lamente, desaparecem como se jamais existissem.

A lamentar que o programa tenha concorrido com a realidade dolorosa das tragédias sociais, as da serra fluminense e do Japão. Fomos obrigados a nos condoer com a futilidade existencial sem competência para sustentar um discurso, enquanto o infortúnio rompia com o equilíbrio da vida.

Se por um lado, o artifício de um engodo, por outro, o drama autêntico da realidade. Alguma incongruência? Sim, e só a partir dela que os interesses midiáticos funcionam na pós-modernidade. Na maior parte do tempo, o espectador conduzido bovinamente, pela absoluta ausência de propósitos. E vez ou outra, sacudido pelo choque da notícia brutal, que repercute até que outro fato contundente surja para ser explorado.

Somos vítimas da indecência midiática (não há como não repetir essa constatação), que se desdobra em desapreço pelo cidadão, na exata medida em que intensifica a preocupação com o consumidor. Não somos mais do que o alvo de seus interesses, e desde que eles estejam contemplados, dane-se o resto.

Fim do big brother, o que não significa que estamos salvos. Ley de medios, impreterível! Sem o protagonismo social no debate da mídia pública, a manifestar os seus anseios de modo crítico e responsável, prosseguiremos nessa deriva medonha, que a nada nos conduz senão à apatia consumista.

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A principal personagem da oposição política deste país foi parada em uma blitz, teve a carteira de habilitação apreendida e recusou-se a fazer o teste de alcoolemia. Delitos graves para quem pretende se candidatar ao cargo máximo da nação.

Sobre a conduta indevida, uma leitura opaca e indulgente da grande mídia.


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