26 julho 2023

Montevidéu


Os uruguaios que trouxe de Montevidéu

Minhas visitas ao Uruguai, em especial a Montevidéu, ocorrem em períodos assincrônicos, distanciados entre si, guardando uma média de sete anos entre elas. A primeira vez foi no longínquo 1987, acompanhado pelo amigo Sérgio numa longa viagem de mais de 30 horas, onde conheci meu grande amigo alemão, Klaus, com o qual mantenho forte contato até hoje. Foi uma viagem legal, onde permanecemos no Uruguai por dois ou três dias. Estivemos em Punta del Este e lá chegamos a jogar bola em um trecho da praia, que curiosamente reconheci nesta viagem e fotografei para enviar ao Klaus. 

Regressaria um ano mais tarde, em dezembro de 1988, para retomar contato com a cidade e com uma garota que tinha conhecido, e da qual nunca mais soube, Ana Margarita, de Malvin. Houve o encontro, mas extremamente distante e sem qualquer entusiasmo. Na ocasião, conheci alguns amigos dela em uma festa e no dia seguinte, a mãe, pois estavam de partida para os registros rupestres de San Juan. Uma rápida olhada no mapa me mostrou que seria possível também ver essas imagens. Eu faria uma viagem por terra de Buenos Aires até Santiago do Chile, e no caminho, inseri San Juan. Só mais tarde, já na cidade, descobri que os registros ficavam mais de duzentos quilômetros de distância. 

Foto histórica: Sérgio, Freddy, Klaus e eu, 1987

A terceira vez demorou vinte anos, ocorreu em meados de 2007. Foi uma viagem de perdas e desperdícios: primeiro foram todos os registros fotográficos, perdidos após o furto de minha máquina digital por uma patota de jovens, bem próximo ao hotel. Depois, acabei perdendo a oportunidade de testemunhar um evento raríssimo do outro lado do Prata, em Buenos Aires, quando uma inesperada nevasca caiu por todo um dia. E por fim, foi minha última chance, embora não o soubesse, de encontrar Benedetti e Galeano em vida. 

Ônibus urbano, Montevidéu, 1988

Passou pouco tempo e retornei a Montevidéu na passagem do ano de 2008 para 2009. Sem dúvida as lembranças são de uma viagem muito agradável, ainda que solitária: passei o ano novo ouvindo o breve foguetório da cidade, antes de fazer meu desjejum, tomar um vinho e ir para a cama. Os dias quentes de sol foram fartamente registrados em fotos e pequenos vídeos, imagens ricas, profusas, das ruas envelhecidas de Montevidéu, da rambla, e posteriormente, dos encantos silenciosos de Colônia do Sacramento. 

As ruas arborizadas de Montevidéu, 2008


Na vez seguinte, em dezembro de 2015, estive com Mônica participando de um evento acadêmico, o RAM, Reunión de Antropología del Mercosur, e ficamos poucos dias, o suficiente para que eu pudesse rever lugares como a praça da Independência, o passeio Sarandi, o bulevar Artigas, o sol de verão, o Mercado, conhecer rapidamente o Café Brasileiro... Não foi uma visita para passeios, basicamente ficamos enfurnados na faculdade de Antropologia, em meio aos debates e de nossa apresentação.

A praça Independência, 2015


Agora, em 2023, nosso retorno tão inesperado quanto adorável. Até quarenta dias atrás, não tínhamos mais do que um desejo vago em vir a Montevidéu, até que de um dia para o outro, marcamos as datas, compramos as passagens e reservamos o hotel, o mesmo Íbis em que estive em 2008. Começamos nos dois primeiros dias com um frio congelante, em torno dos 7, 8 graus centígrados, que foi amenizando. O tempo despejado facilitou os passeios, a quinta-feira que se supunha de chuvas e encoberto (as equivocadas previsões) foi de tempo firme, e sempre o sol a surgir por entre os fiapos quase transparentes de nuvens. No sábado, tivemos 26 graus em Punta del Este, e no domingo, um pouco mais frio, ainda que sempre luminoso, nos despedimos com uma visita à linda feira de Tristán Narvaja e à noite, com a película portuguesa Cidade Rabat, na Cinemateca. 

Feira Tristán Narvaja

Punta del Este

Museu José Gurvich


La Farmacia Cafe


La Rambla


Plaza Constitución


Librería Linardi & Risso


Fundación Mario Benedetti


Vida cotidiana


Culto Cafeteria


Vista da Ciudadela e o Prata


Museu Torres García


Edifício Salvo


A janela de nosso quarto


Philomène Cafe






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