Montevidéu, 1989 |
O espaço do fantoche
(ou, A propósito de Dante)
Ei-lo, o inanimado.
Agoniza sob as torturas nas catacumbas
gélidas e sorrateiras da mente obtusa...
Arrasta-se pesarosamente
em sua dança constrita,
os grilhões ardentes/candentes
animado em sua própria avareza...
Lamuria-se aos bocados
com a aflição sofrida no palco sombrio,
o espírito corroído pela inépcia
o amor deglutido na vã expectativa...
Flutua como todos nós,
mas a revolta não será sua redenção.
É o protótipo pálido da natureza humana
o potencial de mobilização
marcado pelos engonços do títere...
E a pesada mortalha
que sufoca perante os olhos sensíveis,
transforma-se no agradável aconchego
em seu mórbido caminho ao ocaso.
(Julho/83)
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