04 dezembro 2018

Duros embates no horizonte

Foro del Pensamiento Crítico - Clacso 2018, BsAs


Sem dúvida os desdobramentos da política em nosso tempo anunciam perspectivas sombrias, não apenas no Brasil, como em tantas outras partes do mundo. Ontem em eleições parlamentares da Andaluzia, a governança de esquerda (PSOE) de quase 40 anos ficou ameaçada pelo avanço dos partidos conservadores, mais especificamente de um, o Vox, radical de direita, xenófobo, que teve um substancioso avanço, juntamente com o Cambiemos.


No Brasil, a desgraça apenas se anuncia em doses homeopáticas, definindo um horizonte cinzento e pouco auspicioso para as diversidades culturais, para os movimentos sociais, para a economia como um todo. O jogo de cena se desenha com os apoios desavergonhados de jornalistas da mídia corporativa representando seus donos, em coberturas que mostram o capitão presidente de modo incólume, em alegria quase entusiástica. As análises críticas já estavam ausentes, o que se vê agora é a indisfarçável submissão que transforma meros e muitas vezes ignóbeis mortais em mitos.


Será uma travessia difícil, mas não estou pessimista com o cenário adverso. Quero crer que essa onda de retrocessos não se sustenta, não será capaz de fazer desaparecer as conquistas sociais tão duramente alcançadas, seja aqui ou na Europa. Se somos alvos de uma ação concatenada, muito bem organizada, oriunda de grupos corporativos transnacionais – incluindo aqui o capital financeiro – em conexão com o atraso atávico dos grupos de poder locais, é precisamente neste momento que nós do pensamento crítico temos de nos preparar para reagir de maneira inteligente, com o fim de rechaçar o obscurantismo com propostas e ações consistentes.


Estes ciclos de intolerância mesclados com brutalidade vão e veem na história recente da humanidade. Com as tecnologias comunicacionais avançadas, as respostas necessitam rapidez para sua eficácia. Em nosso caso, respostas que ocorram neste período de quatro anos, para que não comprometa a sobrevida de nossa diversidade cultural e o que resta de nossa autonomia intelectual.  


A ponta de lança conservadora encontra respaldo nos poderosos aportes financeiros; sua ilustração estará pautada pelas agências publicitárias, que já sintonizam suas peças com o discurso do capitão presidente de que voltaremos cinquenta anos em nossas práticas e costumes. A organização social terá de se manifestar em seus mais variados formatos e conteúdos, não podemos nos ausentar, não podemos nos resignar.


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