Foro del Pensamiento Crítico - Clacso 2018, BsAs
Sem
dúvida os desdobramentos da política em nosso tempo anunciam perspectivas sombrias, não apenas no Brasil, como em tantas outras partes do mundo. Ontem em
eleições parlamentares da Andaluzia, a governança de esquerda (PSOE) de quase 40 anos ficou
ameaçada pelo avanço dos partidos conservadores, mais especificamente de um, o
Vox, radical de direita, xenófobo, que teve um substancioso avanço, juntamente com
o Cambiemos.
No
Brasil, a desgraça apenas se anuncia em doses homeopáticas, definindo um
horizonte cinzento e pouco auspicioso para as diversidades culturais, para os
movimentos sociais, para a economia como um todo. O jogo de cena se desenha com
os apoios desavergonhados de jornalistas da mídia corporativa representando
seus donos, em coberturas que mostram o capitão presidente de modo incólume, em
alegria quase entusiástica. As análises críticas já estavam ausentes, o que se
vê agora é a indisfarçável submissão que transforma meros e muitas vezes
ignóbeis mortais em mitos.
Será
uma travessia difícil, mas não estou pessimista com o cenário adverso. Quero
crer que essa onda de retrocessos não se sustenta, não será capaz de fazer
desaparecer as conquistas sociais tão duramente alcançadas, seja aqui ou na
Europa. Se somos alvos de uma ação concatenada, muito bem organizada, oriunda
de grupos corporativos transnacionais – incluindo aqui o capital financeiro –
em conexão com o atraso atávico dos grupos de poder locais, é precisamente
neste momento que nós do pensamento crítico temos de nos preparar para reagir
de maneira inteligente, com o fim de rechaçar o obscurantismo com propostas e
ações consistentes.
Estes
ciclos de intolerância mesclados com brutalidade vão e veem na história recente
da humanidade. Com as tecnologias comunicacionais avançadas, as respostas
necessitam rapidez para sua eficácia. Em nosso caso, respostas que ocorram
neste período de quatro anos, para que não comprometa a sobrevida de nossa
diversidade cultural e o que resta de nossa autonomia intelectual.
A ponta de lança conservadora encontra respaldo nos poderosos aportes
financeiros; sua ilustração estará pautada pelas agências publicitárias, que já
sintonizam suas peças com o discurso do capitão presidente de que voltaremos
cinquenta anos em nossas práticas e costumes. A organização social terá de
se manifestar em seus mais variados formatos e conteúdos, não podemos nos
ausentar, não podemos nos resignar.
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