15 dezembro 2018

Dominação e submissão

Dominance... submission... radios appear
New Year's eve, it was the final barrier
Dominance... submission... radios appear
We took you up and put you in the back seat

(Dominance and submission, Blue Öyster Cult)


Não são boas as notícias que apreendemos na vida cotidiana. Grande parcela da sociedade, mais do que nunca, submerge em uma letargia onde sequer o péssimo nível de governabilidade que se constrói, aliado a demolição do Estado democrático de direito, não é capaz de insuflar indignação. Persiste envolta no que parece um desejo irresponsável de mudanças, sem refletir na mediocridade das escolhas. Deparo tristemente com a absoluta falta de análise crítica, resultado de uma formação educacional que nada explica, que nada tensiona.

A vulgaridade incorpora-se ao relacionamento diário com as redes sociais, que há dez anos prometia – e talvez ainda prometa – possibilidades produtivas de práxis social. Isoladas na individualidade ou em pequenos grupos, as pessoas navegam ao sabor da profusão insensata de opiniões de outros indivíduos isolados ou pertencentes aos mesmos grupos. As bolhas comunicativas não constroem ideias, mas entorpecem a criatividade e a consciência de mundo.

Estamos diante de um quadro social de mudanças, sim, mas em direção de um “bem-estar colonial”, onde do ponto de vista externo, a nação se submete em seus desígnios à nação dominante, permitindo-nos uma sobrevivência mansa, “segura” e voltada para projetos abjetos. E do ponto de vista interno, prevalece a liberdade de ação de dirigentes medíocres, que uma vez aceitando as orientações estratégicas de submissão externa, têm o poder e a garantia de estabelecerem uma governança autoritária, voltada para os interesses pessoais. 

Para a grande massa, sobrevém a paulada ideológica: restrição nos direitos individuais, controlada por uma moral neoliberal que valida toda forma concorrencial e no nosso caso, abre o flanco para o controle social a partir dos valores pautados pela mais retrógrada moral cristã.     


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