Em meio ao rebuliço de vozes, ouve-se Tancredo
proferir um sonoro "Canalha", e outros deputados gritavam
"Golpista, golpista". É quando um deles, Rogê Ferreira rompe o cordão
de isolamento e dispara duas cusparadas em Auro Andrade. Nas palavras de Almino
Afonso, então ministro do Trabalho de Jango, aquelas foram "duas
cusparadas cívicas".
Na noitada golpista versão 2016, as 'cusparadas
cívicas" ressurgiram, devidamente aplicadas. (sobre o gesto cívico do deputado Jean Wyllys contra Jair Bolsonaro).
-o-
A mídia estrangeira constata o óbvio muito
tarde, e de maneira lamentavelmente tímida. O espírito de corpo impediu que a
denúncia ocorresse há muito mais tempo.
A mídia corporativa brasileira não foi um simples caso de desinformação, mas a vanguarda do golpismo pós-moderno, asséptica, silenciosa, inconsequente.
Assim, é mais fácil dizer que não temos mídia.
A mídia corporativa brasileira não foi um simples caso de desinformação, mas a vanguarda do golpismo pós-moderno, asséptica, silenciosa, inconsequente.
Assim, é mais fácil dizer que não temos mídia.
Sua função se restringiu a legitimar gente da
laia de Temer, Wellington Franco, Aécio Neves, Eduardo Cunha. Para o infortúnio
da sociedade, conseguiu ultrapassar os limites despudorados de um Rupert Murdoch
e deixará o legado da farsa e da hipocrisia, a dizer o mínimo, devidamente
registrado nos anais da História.
-o-
"À noite (31 de março de 1964), em presença de alguns
ministros, Goulart recebeu um telefonema do general Amaury Kruel, comandante do
II Exército, que se ofereceu para servir de mediador (da crise) e impôs, como
condições, o fechamento do CGT, da UNE e outras organizações populares (...).
Em seguida, ao perceber o tom de ultimato, passou a tratar Kruel
cerimoniosamente, dizendo-lhe com rispidez: 'General, eu não abandono os
meus amigos. (...) Prefiro ficar com as minhas origens. O senhor que fique com
as suas convicções. Ponha as tropas na rua e traia abertamente'. E desligou o
telefone".
(O governo João Goulart, Moniz Bandeira, p.338)
(O governo João Goulart, Moniz Bandeira, p.338)
A traição, alinhada à extrapolação
das funções de cargo e em seus vários formatos, é uma atitude corriqueira nos
movimentos golpistas.
-o-
A tragédia mexicana, que para nós é apresentada
como o sucesso de uma 'economia dinâmica e integrada'. Há dois anos, antes das
eleições de 2014, compartilhava este artigo de José Luis Fiori, que já
denunciava o cerne das políticas neoliberais propostas por Aécio e seu PSDB.
Agora essas políticas pretendem chegar com uma
força ainda mais brutal, implantadas por Temer e sua trupe de golpistas, pela
necessidade de correr contra o tempo e de satisfazer o nefasto arco de alianças composto por hienas corruptas. Muito pior do que o México, a tal da 'mão invisível do mercado' se mostra horrorosamente visível em sua composição ideológica, evidenciando o que há de pior e mais superado na política brasileira.
Como diz Fiori,
"o elogio do México deve ser considerado um caso de má fé, fundamentalismo
ideológico, ou estratégia internacional? As três coisas ao mesmo tempo".
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