30 janeiro 2016

Razões para indignar-se


No correr dos últimos sete anos este blog se posicionou fortemente pela democratização dos meios de comunicação, ou seja, pela possibilidade de todas as vozes sociais serem contempladas em suas necessidades e em seus objetivos, amparadas por uma normatização garantida pelo estado de direito em que vivemos. Nunca foi minha pretensão lutar pelo impedimento de qualquer veículo informativo que fosse, mas se bater de modo intransigente pelas garantias do direito de cidadania de todo e qualquer indivíduo ou coletivo social.

Com isso, mais uma vez afirmo que este blog buscou, da sua maneira e dentro de suas possibilidades, denunciar os excessos produzidos na construção do discurso de uma parcela dos veículos de comunicação, que por sua natureza, pela preservação de seus interesses, se coloca peremptoriamente avessa à prática da comunicação social. Refiro-me à grande mídia corporativa, porque é aí que o abuso na mediação entre o fato e o receptor produz graves, lamentáveis distorções informativas, influenciando de maneira poderosa a interpretação da realidade de milhares, para não dizer milhões de pessoas.

Isso parece chegar a um ponto asfixiante, com os persistentes ataques pessoais nas últimas semanas, que não encontram limites. Chegamos ao ponto em que a pauta das editorias antecipa as ações do poder jurídico, que por sua vez ganham amplitude nas manchetes jornalísticas dos conglomerados midiáticos. Tal comportamento escancara, 1) a impotência do cidadão diante de qualquer “verdade noticiada", e 2) o persistente poder desses veículos de comunicação. Disso resulta a população suscetível ao mais esvaziado jogo de opiniões, ao alcance de palpites cada vez mais radicalizados e carentes de conteúdo.

Este, por certo, o profundo desserviço da grande mídia corporativa: distanciar-se de sua responsabilidade jornalística, descartando a abordagem equânime dos fatos. Assume-se como a ponta de lança de uma proposta política esvaziada, que se pauta em demolir a sustentabilidade de um governo legitimamente instalado. E o que é pior, desestimula o debate mais sério e construtivo entre os agentes sociais.

A avidez com que se lança aos seus propósitos políticos distancia-se de sua função básica de estimular a controvérsia, mediante um jornalismo isento, propositivo, representativo, e oferecer a uma população mais bem informada o poder da escolha. De modo claro e objetivo: a simplificação miserável da mediação que propõe atualmente é a de não permitir que a sociedade disponha de ferramentas consistentes de reflexão para sua autonomia.

Contra isso, os interesses mesquinhos dessas corporações midiáticas, por mais desgastante e difícil que seja, continuaremos nos incorporando à luta com renovada disposição.


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