“(...)
Pode-se falar do utilitarismo como o verbo do espírito inglês, e os Estados
Unidos como a encarnação do verbo utilitário. O Evangelho deste verbo se
difunde por toda parte a favor dos milagres materiais do triunfo. A América
hispânica já não é inteiramente qualificável, com relação a ele, de terra de gentis.
A poderosa federação vai realizando entre nós uma espécie de conquista moral. A
admiração por sua grandeza e por sua força é um sentimento que avança a grandes
passos no espírito de nossos homens dirigentes, e talvez ainda mais no das
multidões, fascinadas pela impressão da vitória. E da admiração há uma transição
facílima para a imitação. A admiração e a crença são modos passivos de imitação
para o psicólogo. A tendência imitativa de nossa natureza moral - dizia Bagehot - tem lugar naquela parte da alma em que reside a credibilidade. O sentido e a experiência vulgares seriam suficientes
para estabelecer por si essa relação simples. Imita-se a aquele em cuja
superioridade ou cujo prestígio se crê. É assim como a visão de uma América deslatinizada por sua própria vontade,
sem a extorsão da Conquista, e logo regenerada à imagem e semelhança do arquétipo
do Norte, paira sobre os sonhos de muitos sinceros interessados por nosso
futuro, inspira a fruição com que eles formulam a cada passo os mais
sugestivos paralelos, e se manifesta por constantes propósitos de inovação e
de reforma. Temos nossa nordomania*. Torna-se
necessário lhe opor os limites que a razão e o sentimento representam conjuntamente.
(...)”
* Nordomania, neologismo proposto por
Baudelaire; Martí utiliza a expressão yanquimania.
(Tradução realizada a partir de Ariel, Catedra Letras Hispánicas, Madrid, 2000).
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