Os olhares, as expressões das três mulheres mais próximas. Acabam de atravessar a fronteira e esperam. Caminharam sob as condições mais íngremes, e uma vez em aparente segurança, não lhes resta alternativa senão aguardar. Diante de seu interlocutor, que registra a photo-op que correrá o mundo, fustigam nossos olhares compungidos. Não há razão para sorrir ou chorar, por isso exprimem indignação. A alma dilacerada incorpora-se nos gestos visíveis, tornando consistente a coragem que as conduz. Não há rancor ou revolta, ao contrário, há uma sutil elegância que nos embriaga, e assim permanecerão. O clic da máquina eterniza o gesto sublime, de aparência inesgotável, mas antes do mundo disseminar sua emoção, estas mulheres estarão cansadas de perseverar.
Entregues ao silêncio de seus gestos, será difícil resistir indefinidamente ao escárnio, e o tempo cobrará seu tributo. O corpo manifestará seu brio até o limite do possível, e então... e então já não saberemos mais.
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