Lá está ele, o senhor K, girando a colherzinha no café expresso. Sentado no ‘sofá’, as amplas janelas ao lado, a mesa diante de si, e ao redor, os murmúrios do ambiente. Deixa-se levar pela sonoridade vagamente audível, um saxofone persistente, que se desdobra, solitário. Gesto laborioso, frêmito que perdura diante da impossibilidade... e espontâneos, loquazes, o pensamento e a melodia... um e outro, breve ousadia enquanto desmobilizados, o escoar do tempo, a fragilidade em face do destino marcado...
Muitas imagens se acercam do senhor K, ou melhor dizendo, ele se precipita às impressões acumuladas, chorrilho de símbolos... A caneta solta sobre o caderno de anotações, no lugar do copo com uísque, a xícara de café, a esfriar enquanto move sem previsão a colherzinha... Sente-se íntegro como nunca, entorpecido pela alma adormecida. Quanto tempo, um dia, dois dias mais... uma semana, que importa... Alimenta-se do presente, e os resíduos se acumulam e quanto ao vestígio, se dissipa ao desejar tornar-se...
E se deixa levar... em seu presente... em sua escolha profunda... como o jazz que se estende, a intensidade sôfrega do saxofone, altos e baixos em meio aos improvisos... os fraseados prolongados, sequência de notas profusas, ternas, precisas... que avança pela redenção inescapável... o derradeiro sopro e como a melodia, o deleite não mais...
Outro fim de semana, com um horizonte imerso em tempo, as ideias esgarçadas e os propósitos, salutares, como sempre.
Outro fim de semana, com um horizonte imerso em tempo, as ideias esgarçadas e os propósitos, salutares, como sempre.
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