31 outubro 2010

Sobre rupturas e continuidades


Chegou o dia em que a nação brasileira tem a oportunidade de confirmar o prosseguimento de um projeto exitoso. Um projeto que consegue romper, no contexto político interno, com as amarras da desigualdade, e no externo, com a síndrome da submissão permanente. Podemos, então, erguer a cabeça e olhar para o horizonte, e compreender que é possível alcançar uma vida mais digna, mais feliz. Uma vida em que é possível compartilhar a riqueza da terra e do espírito, sua graça e generosidade, sem a lamúria burguesa que não cansa de nos comparar com o estrangeiro e vilipendiar a nossa maneira de ser...
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Somos o que somos, superando nossos infortúnios e construindo um futuro mais generoso, propenso a reverberar nossas características mais saudáveis, de modo indiscriminado. Rompemos com os impasses que nos acovardavam, com os tabus que nos descreviam como folclore, com os arautos que nos acorrentavam à miserabilidade... Deixamos de ser apenas a beleza que ginga, seduz e que se limita a gerar desigualdade, para firmarmos uma beleza cada vez mais dona de si, que se redescobre e se delicia em manifestar sua voz...
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Tornamo-nos uma nação que não anda a reboque, nem tampouco aceita os desígnios impostos. Nossa criatividade passa a ser cada vez mais uma qualidade a serviço da democracia conquistada. Podemos falar de distribuição de renda, de inclusão digital, de participação no consumo, de qualificação profissional... Os outrora discriminados agentes sociais são protagonistas, por fim, da escritura de nossa narrativa, inscrevendo-se como destacados representantes da nação. Mais do que alçarem a visibilidade, edificam suas vozes, tão lúcidas e sofisticadas...
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Quanto ao rancor, pobre efeito recalcado dos renitentes senhores de engenho, ele se esgarça em seu último brado, patético, envelhecido, enraivecido... Ignoram que o Brasil não é mais uma nação dividida entre a casa grande e a senzala, mas que se desenha à luz de um projeto mais justo, mais avançado, mais democrático, conduzido por uma sociedade organizada em torno de seus autênticos propósitos.
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