Pedrinhas na janela
De vez em quando a alegria
lança pedrinhas contra minha janela
quer me avisar que está aí esperando
mas hoje me sinto calmo
diria quase equanime
vou guardar a angústia em seu esconderijo
e então deitar-me com a cara para o teto
que é uma posição galharda e cômoda
para filtrar e acreditar nas notícias
quem sabe onde estão minhas próximas pegadas
ou quando minha história será computada
quem sabe quais conselhos vou inventar ainda
e qual atalho encontrarei para não seguí-los
está bem não brincarei de despejo
não tatuarei a recordação com esquecimentos
há muito para dizer e calar
e também há uvas para encher a boca
está bem me dou por persuadido
que a alegria não atire mais pedrinhas
abrirei a janela
abrirei a janela.
(Tradução do texto original Piedritas en la ventana, Antología Poética, Madrid, Alianza Editorial, 2008).
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