14 agosto 2024

A Argentina sob Milei


A fome não tem final feliz


Esse é um breve relato sobre a situação social e econômica da Argentina, sob o governo Milei, conforme informe da octava ronda, produzido pela Unicef Argentina. 

Seguem os dados:

- um milhão de crianças dormem sem jantar;

- 1,5 milhão de crianças deixam de se alimentar em alguma refeição durante o dia porque seus pais não têm recursos para comprar;

- 54,9% da população (mais da metade) é pobre;

- 20,3% da população, uma pessoa em cada cinco, é indigente (abaixo da linha de pobreza);

- 70% das crianças vivem em situação de pobreza;

- 30% das crianças vivem em pobreza extrema;

- 9% das famílias resolveram dar baixa nos planos de saúde;

- 4,5 milhões de adultos deixam de comer alguma refeição durante o dia para poder dar de comer aos filhos;

- ao menos 10 milhões de crianças ingerem menos carnes e lácteos porque a renda da família não é suficiente;

- em 2024, 15% dos que sustentam as famílias perderam seus empregos.

Enquanto isso, Milei se jacta de seu governo promover superávit fiscal no semestre (o primeiro desde 2008), ao mesmo tempo que anuncia a baixa da inflação (4% em julho!). Serve a quem tais informes? Ao grande capital financeiro, que redimensiona seus interesses. Eis a face do chamado capitalismo libertário. Com grandes sacrifícios, extrai-se os números positivos de uma economia moribunda em um país cuja população, a médio prazo, começará a chiar. 

Fome, redução de consumo de bens e serviços, tarifaços, queda da produção industrial, encerramento de atividades no comércio, fim dos subsídios (como no transporte), privatizações no horizonte das reformas econômicas, anunciadas quando há um desinteresse generalizado do mercado internacional por investimentos na Argentina... Milei não se preocupa com nada, a não ser os números de mercado.

Há um desconsolo completo, quase uma apatia generalizada, que imobiliza a população em sua rotina diária. Os informes chegam dos canais de comunicação não hegemônicos, a partir de registros e entrevistas nas ruas, com lideranças políticas locais ou mesmo com o cidadão comum que perambula desacorçoado rumo a seus afazeres. 

Ao reduzir o poder aquisitivo dos trabalhadores, sobrevém as consequências indeterminadas sobre a desesperança em relação ao futuro. Retomemos a fome, registrada nos dados acima, por um organismo idôneo como a Unesco, como a mais terrível dos tenazes a forjar o sofrimento sem fim nas camadas mais populares. 

(https://www.unicef.org/argentina/informes/situacion-de-la-niniez-y-adolescencia-2024).



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