Já em pré-venda, pela editora Kotter, meu primeiro volume de crônicas, O que aparentemente nos resta, a ser lançado na segunda quinzena de maio deste ano. Foi um trabalho cuidadoso, de recolha de crônicas, revisão e edição, o que resultou em um belo trabalho editorial. São 41 crônicas reunidas abrangem o período de janeiro de 2016 a maio de 2019. As expectativas se desvanecem antes mesmo de pulsarem no horizonte, a despeito do esforço do campo popular em estabelecer algum tipo de resistência. O relato enuncia a progressiva deterioração político-econômica das instituições e a formalização do neoliberalismo econômico como sistema normativo, que devora o corpo e o tempo do trabalhador. Sobrevém o registro de um período em que prevalece a impostura dos que se autonomearam donos do poder; da indolência de um país vergado pela ignomínia, e o que talvez seja mais relevante, da dignidade de uns poucos que não se deixaram abater.
O livro tem a honra de contar com um texto de contracapa do escritor e amigo João Carrascoza, além do prefácio do professor da USP Alysson Mascaro. Reproduzo, abaixo, um trecho do prefácio:
Narrar o tempo vivido concomitantemente aos fatos não é duplicar o dado em linguagem na pretensão de registrar uma exata cópia, pois não há uma língua subordinada especularmente aos fatos. Trata-se sim, necessariamente, de construir sentidos ao que se desenvolve. Assim o faz o jornalismo, assim o faz o comentário político, assim o faz a intelectualidade, assim o fazem as lutas e as disputas sociais. Mas, também, a linguagem abre o espaço para ver o dado pelo prisma da arte. Novos horizontes se abrem, paralelos, rupturas, ângulos e perspectivas se delineiam, impactando sofrimentos, dores, alegrias e esperanças. Esta arte de tratar dos fatos conforme se desenvolvem é o que Marco Antonio Bin constrói neste O que aparentemente nos resta – Crônicas sobre a impostura, a indolência e a dignidade.
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