Há poucos dias desembarcou
em Caracas uma delegação diplomática estadunidense, com a finalidade de
entabular negociações com o governo de Maduro. Não se conhece seus integrantes,
nem tampouco houve uma declaração para a imprensa internacional. O que se sabe dessa
cúpula foi brevemente resumido pelo presidente venezuelano, que se tratou de
uma reunião respeitosa e cordial, donde
sobresalieron los puntos del diálogo mundial y del país suramericano con
sectores de oposición y la conciliación para el camino hacia la productividad,
seguridad y paz de los pueblos de la región.
Pouco ou nada, se
pudermos considerar que ela teve um alcance muito mais abrangente, e
relacionado com o próprio status quo do regime chavista, além de aspectos diretamente relacionados com as sanções econômicas e petróleo. Assim
é, o Império, qualquer Império, dá as cartas e joga de mão, faz e desfaz as
piruetas de seus discursos ideológicos, e ninguém tem nada com isso. O que era
um inimigo mortal do hemisfério, agora é tratado como um possível aliado
econômico, desde que possa atender certas demandas imperiais urgentes.
Vale aqui
considerar, en passant, dois aspectos que não podem passar em
branco. Primeiro, o necessário rearranjo editorial dos grandes grupos
midiáticos, porta-vozes dos interesses político-econômicos do Império. Será no
mínimo curioso verificar que, por exemplo, no lugar da expressão "o
ditador Maduro", surja "o presidente Nicolás", denotando a
camaradagem e simpatia a um amigo indispensável. E segundo, penso aqui com meus
botões, se não seria mais justo e correto uma reunião com aquele que, até há
pouco, encarnava a legítima liderança reconhecida pelo Ocidente, o autoproclamado presidente Juan
Guaidó...
Tudo seria cômico, se não fosse trágico, patético e decadente.
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