Pedro o pedreiro
Aqui amarão, aqui odiarão, dizia Pedro, pedreiro,
cantando, levantando as paredes
suas mãos haviam se endurecido no ofício
mas nas palmas, ainda se elevavam doçuras e tristezas
que iam de encontro ao muro, ao teto
e depois, com o tempo, ardiam surdamente
ou entravam nos olhos das mulheres doces nas habitações
e elas entristeciam como quem se descobre uma nova solidão.
Pedro, desde o andaime
costumava cantar o Quinto Regimento,
falava aos companheiros sobre Guadalajara, Irún,
e de repente se fechava silente com sua Espanha.
De noite colocava suas mãos para dormir
e se via de volta à frente, envolto em seus balaços,
arrematava seus mortos para que não se esquecesse
a colher de novo se enchia de raiva.
E na manhã que se foi do andaime parecia
que uma pergunta, no fundo, ainda o iluminava
os companheiros o rodeavam esperando em silêncio
até que alguém veio e disse, "Levantem o defunto".
(Do original em espanhol, Pedro el albañil, extraído da obra Gotán, Seix Barral, 2008)
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