Antonio Machado |
PROVÉRBIOS E CANTARES (CXXXVI)
XXIX
Caminhante, são tuas marcas
o caminho, e nada mais;
caminhante, não há caminho,
se faz o caminho ao andar.
Ao andar se faz caminho,
e ao olhar para trás
se vê a trilha que nunca
se há de voltar a pisar.
Caminhante, não há caminho,
senão estrelas no mar.
XLI
Bom é saber que os vasos
nos servem para beber;
o mal é que não sabemos
para que serve a sede.
XLIV
Tudo passa e tudo fica,
porém o nosso é passar,
passar realizando caminhos,
caminhos sobre o mar.
XLVI
À noite sonhei que ouvia
a Deus, gritando-me: Alerta!
Logo era deus quem dormia,
e eu gritava: Desperta!
PROVÉRBIOS E CANTARES (CLXI)
I
O olho que vê não é
olho porque tu o vês;
é olho porque te vê.
XVII
Em minha solidão
vi coisas muito claras
que não são verdade.
XXXI
Após o viver e o sonhar,
está o que mais importa:
despertar.
LXVI
Prestais atenção:
um coração solitário
não é um coração.
(Traduzido do original em espanhol Poesías Completas, Editorial Espasa Calpe, 1975)
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