01 junho 2021

Ernest Hemingway

 

Ernest Hemingway

Foi por um desses dias de outono que constatei já ter vivido mais do que Hemingway, o que me deixou surpreso e reflexivo por uns momentos. Que coisa mais louca: naqueles anos em que descobri sua literatura e o lia com alguma regularidade, pensava em sua figura envelhecida aos sessenta anos. Admirava a riqueza de suas narrativas curtas e a beleza singela da novela, O Velho e o Mar. Festejou a Paris do entre guerras, lutou na Espanha contra Franco, viveu em Cuba a tempo de encontrar Fidel. Parecia-me incansável, ao mesmo tempo que insatisfeito com a vida e com sua literatura. Separava-nos quarenta anos, ele era como um avô rebelde, que no final aceitara dar cabo à vida em um recanto de Idaho. Tenho empilhados aqui na estante de meu quarto uma dúzia de seus livros, boa parte a serem lidos algum dia. Hoje eu seria um irmão mais velho e confesso, não saberia lhe dar um bom conselho.



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