Ernest Hemingway |
Foi por um
desses dias de outono que constatei já ter vivido mais do que Hemingway, o que
me deixou surpreso e reflexivo por uns momentos. Que coisa mais louca:
naqueles anos em que descobri sua literatura e o lia com alguma regularidade,
pensava em sua figura envelhecida aos sessenta anos. Admirava a riqueza de suas
narrativas curtas e a beleza singela da novela, O Velho e o Mar. Festejou a Paris do entre guerras, lutou na
Espanha contra Franco, viveu em Cuba a tempo de encontrar Fidel. Parecia-me incansável, ao mesmo tempo que insatisfeito com a
vida e com sua literatura. Separava-nos quarenta anos, ele era como um avô
rebelde, que no final aceitara dar cabo à vida em um recanto de Idaho. Tenho
empilhados aqui na estante de meu quarto uma dúzia de seus livros, boa parte a serem lidos
algum dia. Hoje eu seria um irmão mais velho e confesso, não saberia lhe dar
um bom conselho.
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