23 junho 2021

Fadwa Tuqan فدوي طوقان

 

Ruined Landscape, de Tagreed Darghouth


Pouco ou nada sei ainda sobre a poeta Fadwa Tuqan. Pelos raros sítios na internet que divulgam informações a seu respeito, nasceu em Nablus, na Palestina, em 1917 e lá faleceu em dezembro de 2003, quando sua terra se desintegrava sob a ocupação israelense. O que já aprendi de sua lírica de amor e resistência me entusiasma a utilizar seus poemas patrióticos em minha peça, Terra Devastada, de maneira peculiar, declamado como um sopro que sussurra ao público a luta e o sofrimento de seu povo. 

Abaixo, um fragmento do poema (traduzido para o português) que antecede a ação dramatúrgica do primeiro ato. 

  

A previsão do oráculo نبوءة العرافةة (fragmento)

1.

Quando alcancei meus 20 anos

Uma antiga vidente me disse:

"Os ventos em seus sopros me contaram sobre ti

Disseram:

Os encantamentos do mal penetrante estão aqui

Em sua casa, a fraqueza e a destruição

Permanecem e continuam entrelaçadas

Até que chegue o cavaleiro consagrado escolhido

Os ventos em seus sopros me informaram

Que o cavaleiro vem

E não é fraco nem indolente

 

Os ventos me disseram que ele vem

por um caminho aberto

por trovões e relâmpagos"

 

Por que não perguntou a eles por mim

Ó vidente dos ventos

Quando vem o cavaleiro consagrado?

"Quando a recusa se tornar

Em eco e holocausto

As entranhas desta terra o expulsarem

De seu corpo com horror

Mas os ventos em seus sopros

avisaram: Tenha cuidado

Com seus sete irmãos

Avisaram: Cuidado

com seus sete irmãos!"

Sob as fissuras de meu teto rachado

Parei na varanda aos pedaços

Sonhando com o vir a ser

Esperando pelo porvir

Ouvindo a pulsação da semente enterrada

Que agita o útero da terra

Amamenta o coração no invólucro

Ó química de vida e morte...

Quando a recusa se tornar

Em eco e holocausto!

(...)

 

(tradução: Renata Parpolov Costa)



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