As imagens vindas de Guayaquil divulgadas pela agência russa RT são impressionantes, as pessoas simplesmente morrem e ficam jogadas nas ruas. Pelo que se entende os serviços públicos de saúde entraram em colapso, e mesmo aqueles que providenciam a retirada dos mortos de casa não estão atendendo. É perceptível que as famílias abandonadas à sua sorte, ou ao seu azar, pertencem às classes mais pobres, é visível pelas casas mais simples e pelas fisionomias das pessoas. Os mais miseráveis haverão de pagar mais caro pelas consequências econômicas dessa pandemia, por hora pagam pelo pânico, pelo temor que se apossou do cidadão comum e desinformado, que tentam suprir suas necessidades da forma que for possível.
Os mais abastados não encontram problemas, acumulam
alimentos e produtos de limpeza e se isolam em suas residências, acompanhando o
drama pela TV. Dessa classe, alguns poucos, mas muito poucos mesmo, se entretêm
com cultura, leem um bom romance, ouvem seus cantores populares preferidos, interagem
com aulas ou palestras à distância, brincam com seus filhos. A grande maioria
despossuída luta à sua maneira para sobreviver. Os programas de estímulo à
economia nas várias partes do mundo industrializado são robustos e alcançam de
algum modo as parcelas sociais mais pobres; aqui no Brasil o capitão ignóbil
insiste em caminhar contra a maré das decisões mundiais e retém a ajuda
governamental, além de dissuadir ao máximo as pessoas a retornarem à vida
normal. Um grande canalha.
No horizonte dos desdobramentos desse vírus, não
vejo o fim do capitalismo financeiro e sua ganância criminosa. Não vejo com
otimismo o momento pós-pandemia, e se houver mudanças de comportamento de
massa, elas convergirão para mais desalento, para mais precariedade, para mais
egoísmo. O duro sacrifício das pessoas menos favorecidas corre o risco de ser
em vão.
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