Plaza del Congreso, 2013 |
A
vitória dos Fernández na Argentina - Alberto e Cristina - trouxe um punhado de esperança na retomada das políticas de bem-estar social, interrompendo com um governo que consistiu em uma aliança entre diversas frações do capital (1). Todos os índices sociais foram fortemente atingidos, são
mais argentinos desempregados, mais argentinos empobrecidos, forte aumento das tarifas dos serviços públicos (gás, eletricidade, água, transporte), inflação redobrada, queda na produção industrial, menos investimentos na cadeia produtiva, novo ciclo de endividamento externo, no que culminou em um rotundo fracasso da política econômica.
O que
impressiona é que Macri obteve 40% dos votos válidos, ainda que a
terra-arrasada de seu governo tenha atingido indistintamente todas as classes,
das mais miseráveis às mais privilegiadas. O fracasso completo manteve um
discurso fantasioso que conseguiu, pelo menos no photochart das
eleições, convencer uma substanciosa parcela da população. Nem os fabulosos empréstimos contraídos junto ao FMI, no final de seu governo, impôs a Macri as consequências da negociação com cara de negociata. Menos mal que na
legislação eleitoral argentina basta atingir 45 dos votos válidos para haver um
vencedor, sem a necessidade de balotage.
Curioso rever uma pesquisa feita junto a 2.000 pessoas pela Celag em junho de 2019, cerca de cinco meses antes da eleição presidencial, quando Alberto Fernández já consolidava 46,2% das intenções de voto. O que chama atenção é que, naquele momento, Macri somava meros 21,3% das preferências e Lavagna, 1,9%. Somados "outros" e "não sabe/não respondeu", o índice alcançava impressionantes 30%. Desse contingente, Alberto conseguiu agregar apenas 2% enquanto Macri praticamente dobrou seu universo de votantes!
Ainda
assim, a derrota macrista foi contundente, quase dez por cento, além da perda
dos governos na maioria das províncias para o peronismo, incluindo a
estratégica Buenos Aires. Venceu na pequena Jujuy, fronteira com a Bolívia,
e em Mendoza, onde a vitória foi de um macrismo sem Macri. O peronismo com Alberto
e Cristina Fernández terá um panorama político favorável para governar à sua
feição e paulatinamente desarmar as armadilhas neoliberais da economia,
recuperando o papel do Estado em sua função reguladora do crescimento e
distribuição de renda.
(1) BASUALDO, Eduardo. Endeudar y fugar - un análisis de la historia económica argentina. Buenos Aires: Siglo Veintiuno Editores, 2017, p. 190.
(1) BASUALDO, Eduardo. Endeudar y fugar - un análisis de la historia económica argentina. Buenos Aires: Siglo Veintiuno Editores, 2017, p. 190.
(Atualização em 07.11.2021)
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