Vivemos um tempo
nevoento, cujos propósitos de uma estratégia pérfida estão postos e em franco
desenvolvimento. À volta, silêncio e ignomínia, que consolidam a desfaçatez
habilmente estruturada, da qual levaremos décadas para dissipar, se é que será
esse o desejo do povo brasileiro. A luta que se mantém parece ocorrer em uma
realidade paralela, cujas demandas são ignoradas ou transformadas em fake
news, termo exótico para descrever
mentiras, onde a confusão social integra de modo cabal a
estratégia científica de terra arrasada.
Em algum momento já se
comentou sobre a nossa similaridade com a Síria, para se destruir uma nação não
é necessário descarregar mísseis e bombas, o ataque pode ser furtivo contra a
Constituição. Evita-se dessa maneira a destruição física da nação, o que não
impede a desconstrução da moral, dos costumes e do conhecimento acumulados
culturalmente. Em outras palavras, decompõem-se os vínculos sociais,
descaracteriza-se a memória coletiva, implantando-se a ferro e fogo outro
conjunto de crenças e comportamentos que nos fazem mais vassalos em nossa
compreensão de mundo e mais suscetíveis à voragem individualista do sucesso ao
alcance de todos.
Desvela-se uma nova era
cientificamente construída, a era da ignorância, onde as diferenças não
encontram senão conflitos,
descartando-se o argumento razoável acerca do entendimento humano. Há boas e
más intenções neste momento atravessado pela tábula rasa, há os inúteis que
contribuem para o caldo de intrigas, há os rebeldes que se insurgem contra
a miserabilidade estabelecida, há os insolentes que na falta de conhecimento,
veneram o abjeto, sem que nada disso consiga nos ilustrar politicamente e,
assim, nos redimir do obscurantismo em que nos metemos.
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