12 setembro 2018

11 de setembro



O Palácio de La Moneda sob ataque, manhã de 11.09.1973 


Ontem, 45 anos do golpe cívico-militar no Chile. Uma efeméride sempre lembrada, por sua violenta intervenção social, política e histórica. Impressiona retomar os fatos em sua cronologia, observar tanta brutalidade e traição, misturada ao silêncio dos partidos e corporações que apoiavam a UP e não souberam prestar seu apoio. É terrível ver e rever o drama de Allende e um punhado de destemidos, dentro do Palácio de La Moneda, imolados e inumados em nome da práxis revolucionária. Passado todo esse tempo, resulta observarmos o nome de Allende forte no panteão dos representantes mais significativos da luta por uma sociedade livre e autônoma, enquanto seu oponente golpista amarga o descrédito moral, lembrado por seu caráter virulento e por suas práticas corruptas.

Acompanhei em tempo real os acontecimentos do 11 de setembro de 1973 chileno, a partir dos relatos radiofônicos de então, em uma programação produzida pelo Museo de La Memoria y los Derechos Humanos. Eu já conhecia diversos áudios ali postados, como os comunicados do presidente Allende, as ordens dos militares durante os combates pela Moneda, os comunicados oficiais dos militares em cadeia radiofônica, as descrições dos acontecimentos por repórteres in locu, porém, chamou atenção a organização cronológica dos fatos, como um relato prolongado de toda a jornada, que termina no final da tarde com a proclamação da junta militar. Um drama e horror sem fim, pois aquela página sinistra só seria virada 15 anos mais tarde, com a vitória do NO nas urnas.

Também foi ontem a definição da cabeça de chapa do PT, com Haddad e Manuela, em vez de Lula e Haddad. Houve uma pequena cerimônia de 34 minutos, em frente à polícia federal (com minúsculas) de Curitiba, com falas de Gleisi Hoffman, presidente do partido, fazendo um arrazoado das circunstâncias que levaram o partido a optar, no crepúsculo do prazo, pela conformação definida. Em seguida, Haddad fez uma precisa arguição ligando o compromisso do partido com a herança de Lula, frisando a tarefa futura, a retomada do Estado do bem-estar social, cujas conquistas foram duramente demolidas nestes dois últimos anos.


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