24 maio 2018

A insurgência contínua

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Osvaldo Guayasamin, El Grito (1976)

Em meio à disfunção do comando político e econômico que toma conta do Brasil, somos obrigados a tocar a vida da melhor maneira, sem deixar de lado a luta por denunciar esse estado de coisas. É impressionante como a incompetência, mais negligência e desfaçatez tornam-se corriqueiras nas instituições que governam o país. Sob esses substantivos, gerenciam o cinismo que prevalece nas atitudes contra a população brasileira, que em qualquer circunstância menos infeliz, seriam tomadas como insustentáveis.

Essa gentalha resolveu se aliar a sabe-se lá quais interesses forâneos e concordam em cumprir o papel de correia de transmissão das suas decisões estratégicas, por certo encomendadas nos grandes balcões de negociatas financeiras. Desaparece aos bocados o respeito aos cidadãos, ao bem público, à perspectiva de soberania nacional. Por mais pressão que exista de organizações internacionais, de líderes políticos, de intelectuais, a justiça brasileira reitera a mão forte e devora o estado democrático de direito, zombando da constituição. A mídia corporativa, sem qualquer responsabilidade em cumprir seu papel de debater e denunciar, referenda o circo de horrores, ainda que contaminado por desvios éticos.

Ainda assim, de muitas partes surge uma resistência incômoda, que se contrapõe e se insurge, embora sem a dimensão necessária para transbordar o copo. É quase uma luta carbonária, que quando se revela, incorpora pequenas multidões. Dessa insatisfação, sobrevém uma corrente silenciosa de solidariedade que suplanta o ódio e dessa maneira vamos enfrentando o Leviatã invisível, que se bate menos por segurança e mais por desestabilização.

Não sabemos no que isso vai dar. É possível perceber o poder e a onipresença desse comando que nos oprime sem estardalhaço, e que a única resposta é a insurgência contínua, ora em grandes multidões, ora individualmente. Essa oposição deve ser melhor articulada pelos partidos políticos, e de algum modo fazer valer a força do apoio popular nas próximas eleições. As centrais sindicais e os movimentos sociais devem acompanhar as decisões e atuar fortemente, como se cada oportunidade fosse a última.

É nesse estado de mobilização permanente e de ações concludentes, que faremos o inimigo político – não mais adversário político – fraquejar em seus objetivos.   


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