05 julho 2017

Enquanto isso

Bilbao, agosto de 1989

O drama político em nosso país, ou diria melhor, a sangria política, patrocinada por essa gangue golpista e seus asseclas, prossegue com relatos pouco animadores. Uma vez ali instalados, persistem cometendo os mais tenebrosos atos, como a entrega de nosso patrimônio aos abutres do mercado internacional. Tudo dentro de uma incrível incompetência, como a sugerir que o projeto de governo se resuma à máxima destruição da nossa civilização, tão desigual, porém com muitas conquistas acumuladas ao longo dos anos.  

Os canalhas que assumem, e sempre é bom lembrar, amparados por uma justiça omissa e uma mídia tendenciosa, produzem os estragos contratados sem o menor constrangimento. Segue desta forma o sucateamento de nossos principais setores produtivos, de nossa educação pública, a destruição acelerada de nossa Amazônia, a entrega de ativos fixos para o capital internacional, o aprofundamento da violência policial nas ocupações, a demolição dos direitos trabalhistas e previdenciários, tudo sob uma resistência popular débil, marcada por manifestações cada vez mais esquálidas da esquerda. Ou seja, uma gangue contratada que assumiu o papel de eliminar nossa delicada autonomia como nação, edificada em 13 anos sob o Estado do bem-estar social.

As patéticas vozes da classe-média, que fizeram coro para a derrubada de um governo constitucional, agora se escondem acovardadas, como se nada lhes dissesse respeito. Nenhuma surpresa, dessa classe nada se pode esperar de alentador. Como disse o prof. Milton Santos, "se a realização da história, a partir dos vetores de cima é ainda dominante, a realização de uma outra história a partir dos vetores de baixo é tornada possível". Resta saber como se dará a retomada do pleno estado de direito – e o consequente banimento da política desses canalhas a serviço de interesses escusos. A luta continua, nunca esta frase teve tanta significação simbólica.


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