Bilbao, agosto de 1989
O drama político em nosso país, ou diria melhor, a sangria
política, patrocinada por essa gangue golpista e seus asseclas, prossegue com relatos pouco animadores. Uma vez ali instalados, persistem cometendo os
mais tenebrosos atos, como a entrega de nosso patrimônio aos abutres do mercado
internacional. Tudo dentro de uma incrível incompetência, como a sugerir que o projeto de governo se resuma à máxima destruição da nossa civilização, tão desigual, porém com muitas conquistas acumuladas ao longo dos anos.
Os canalhas que assumem, e sempre é bom lembrar, amparados por uma justiça omissa e uma mídia tendenciosa, produzem os estragos contratados sem o menor constrangimento. Segue desta forma o sucateamento de nossos principais setores
produtivos, de nossa educação pública, a destruição acelerada de nossa
Amazônia, a entrega de ativos fixos para o capital internacional, o aprofundamento da violência policial nas ocupações, a demolição dos direitos trabalhistas e previdenciários, tudo sob uma
resistência popular débil, marcada por manifestações cada vez mais esquálidas da
esquerda. Ou seja, uma gangue contratada que assumiu o papel de eliminar nossa
delicada autonomia como nação, edificada em 13 anos sob o Estado do bem-estar
social.
As patéticas vozes da classe-média, que fizeram coro para a
derrubada de um governo constitucional, agora se escondem acovardadas, como se
nada lhes dissesse respeito. Nenhuma surpresa, dessa classe nada se pode
esperar de alentador. Como disse o prof. Milton Santos, "se a realização da história, a partir dos vetores de cima é ainda dominante, a realização de uma outra história a partir dos vetores de baixo é tornada possível". Resta saber como se dará a retomada do pleno estado de direito
– e o consequente banimento da política desses canalhas a serviço de interesses
escusos. A luta continua, nunca esta frase teve tanta significação simbólica.
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