O que mais me chama
a atenção nesse processo golpista é o sentimento de esperança que muitos
alimentam em relação às instituições que apoiaram o golpe, vale dizer, a mídia
corporativa, o judiciário, o empresariado e uma penca de parlamentares. Salvo
pequenos entreveros aqui e ali, elas apoiarão o poder executivo em sua
canalhice moral e em sua incompetência administrativa pelo menos até 2018.
Já não se trata de
resistir, mas de enfrentar! Concordo com a análise do professor Peter Pal Pelbart, “a
revolução é da ordem da cólera e da alegria, não da angústia e do tédio”. E
para começar, temos a consciência dos fatos e os muros cinzentos para
rabiscarmos nossas palavras.
Só não podemos
esquecer, como diz o professor Pelbart, que "é preciso destituir a corja
de bandidos que sequestrou o Estado (e) quebrar o monopólio das corporações que
os sustentam". A pior coisa será aceitar pacificamente a paz cemiterial que nos impõem, sem o menor escrúpulo.
-o-
Leio outro texto revelador, de Aldo Fornazieri, sobre o que chama de 'decomposição moral das instituições'. Há uma corrosão completa começando pelo interior das instituições - mídia, judiciário, legislativo, empresariado, que se espraia para o restante da população, de maneira sórdida e irrefreável, verdadeira terra-arrasada que nos conduz a um Estado com funções vegetativas e a uma população bestializada. Em suma, mera sombra da nação que fomos.
O que sobrevive desse caos metodológico é sem dúvida o poder financeiro, que parece alimentar de maneira frívola o que se denomina como oportunidades de negócios. Parece ser o fim da estratégia de convencimento, do argumento sedutor, o objetivo torna-se uma ação de guerra, negociar com artimanhas canhestras e disseminar os exemplos antiéticos.
Como se os bancos, via patéticos agentes de terno e gravata, deliberadamente promovessem um vírus degenerativo que, uma vez absorvido pelo cérebro, entorpecesse a capacidade crítica, tornando-nos dóceis ao mundo paralelo de paz e esperança, construído pelo discurso midiático.
Perdemos nossa representação política - talvez resultante de outro vírus inoculado pelo poder financeiro - e a percepção política dos fatos. O movimento golpista, desde seu início, insinuou seu propósito de nos transformar em outra Síria, talvez seja o desígnio do poder financeiro, parodiar Che e criar uma, duas, três, muitas Sírias pelo mundo, em nome do instinto de exploração do capital.
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