A mídia eletrônica mais a impressa entrou rápido em ação e expôs em detalhes o depoimento de um ex-diretor da Petrobrás, que para amenizar sua prisão concordou com a delação premiada. Sem se provar nada, ou dar tempo para a defesa dos partidos acusados, o rolo compressor mídia + oposição trombeteou o fato de modo irresponsável, numa clara tentativa de interferir no processo eleitoral. Nestes últimos dias o caso refluiu das manchetes, não só pela reação do governo, como pela forte mobilização nas redes sociais.
Aliás é aqui, nas múltiplas plataformas digitais, que se deve decidir as eleições deste ano! Ambas as campanhas se organizam para ocupar esse espaço, com vídeos e mensagens que alcançam o cidadão comum com grande eficiência. Da parte do candidato oposicionista, vejo uma tentativa de aproximação corpo a corpo, com mensagens diretas produzidas por ele próprio e endereçadas aos milhões pelo what's aap, além de jogos eletrônicos em que o personagem não é Mario Bros mas o próprio Aécio, a vencer uma série de etapas. Se o processo dialoga diretamente com o eleitor, sobretudo com o mais jovem, ele não esclarece as plataformas políticas nem suas propostas mais genéricas.
Ao contrário, a campanha de Dilma ao menos no facebook é rica em informações e densa em dados, que comparam o que foi o último governo tucano no Brasil e os anos de Lula e Dilma. Começam a surgir pequenos vídeos, não só com apoios, mas que discorrem sobre projetos de governo, o que me parece acertado, pois cria um diferencial de valor nas propostas de um e de outro candidato.
Hoje surgiu a primeira pesquisa Vox Populi, que coloca Dilma com 51% dos votos válidos, pouco ainda, mas que pode indicar uma tendência, e oxalá ela se confirme. Ainda é cedo, faltam 13 longos dias, e todo cuidado é pouco, pois o cerco midiático-empresarial está feito. Hoje mesmo um jornalista (Xico Sá) se demitiu da Folha por desejar expressar seu apoio a Dilma em sua coluna. O jornal argumenta que essa prática é interdita nas colunas, mas permitida na página adequada (de debates). O problema é que existem outros colunistas, como Azevedo, Constantino ou o tal do Pondé, aos quais tudo é permitido, sem qualquer cerimônia.
Penso nesse jornalismo arcaico, que parece provir das páginas amarelecidas da Primeira República, onde as elites não perdiam a voz e tampouco seus plenos direitos de expressão. E mais além, é como se os cronistas de hoje, reproduzindo os padrões burgueses de antão, impusessem à sociedade seus pontos de vista e esperando vassalagem moral. Como se os argumentos da aristocracia devessem mais uma vez prevalecer como referências para o bom devir dos valores sociais e culturais da nação.
Há cem anos, era o ideário da Casa Grande, hoje, nada além do que um fortuito interesse de gabinete refrigerado, em conluio com os mercados corporativos. É como posso sintetizar a manutenção tresloucada de um jornalismo classista, aliado a qualquer coisa que lhe mantenha as vantagens, em um mundo hipoteticamente capitalista e competitivo.
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