01 fevereiro 2012

Exercício n.1: As aflições de Bourdieu




Os agentes sociais, evidentemente, não são partículas passivamente conduzidas pelas forças do campo social

Pierre Bourdieu
  

Em algum momento crucial da vida, optou por eliminar todos os riscos da vida. Quando surgia um novo e ousado alento, que prometia romper com os fundamentos da sua trajetória, promovia o comportamento seguro. No espaço de conflito de seu campo social, sua estratégia tornou-se cautelosa,  preocupado que algum movimento diferente fosse tomado como uma prática herética, mais de acordo com os novatos. Favoreceu a manutenção da estrutura das relações e suas posições no interior do campo, atuando no limite das disposições adquiridas, do seu habitus

A vida tornou-se a repetição do mesmo roteiro, por um tempo os caminhos que ousavam inovar as relações eram sondados, mas como em toda hipotética ameaça, logo acabavam abandonados. Era preciso ter a certeza impossível de se ter tudo à mão, de modo que preferia submeter-se à angustia de uma perda, sacrificando a promessa do novo e revolucionário, do que a ruptura com os fundamentos conhecidos, dos movimentos mais previsíveis. 

As escolhas se submeteram, assim, às possibilidades ofertadas pela estrutura objetiva de seu campo social, regras claras e conhecidas, sem surpresas. A aflição se dava pela dúvida em buscar o valor distintivo, entregando-se às lutas necessárias, investindo o capital simbólico acumulado. Em outras palavras, nenhuma tentação em se opor às certezas dominantes, ainda que isso apenas legitimasse o conformismo.


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