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Temos visto a partir da história da quebra do sigilo fiscal, entronizada como a pauta única da política por estes veículos de comunicação ao longo da semana, a propagação de discursos condenatórios, expressando intolerância e desprezo. O que me chama a atenção é o tênue disfarce que oculta os verdadeiros sentimentos, em um jornalismo que não se cansa de produzir argumentos falaciosos. Desdobra-se o ato acusatório (que chamam de notícia) ao sabor das interpretações do momento, veneno inoculado no tecido social em doses contidas, porém contínuas, sem o desejo de matar, mas de disseminar a peste (desinformação).
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O ataque é urdido de modo metódico, diverso, simultâneo (longos blocos nos telejornais, artigos nas revistas semanais, editoriais nos principais jornais, entrevistas nas rádios e programas de tevês a cabo), todos destacando a ilação perversa, o fato e seus responsáveis, o vazamento e a culpa do partido da candidata!... Tema monocórdio, insistente, água em fervura a fogo brando, condenando primeiro para depois promover as devidas investigações. Surge aqui e ali a acusação de que não há debate de ideias... santa hipocrisia!
Prevalece assim o jornalismo insidioso, produzido a mando de seus patrões! Em tempos da proliferação das mídias sociais, que surfa na evolução da tecnologia e proporciona amplos acessos aos diversos ângulos da informação, não é de se estranhar o fenecimento dessa velha mídia, que insiste em atuar como se detivesse por desígnio divino o poder da informação, produzindo a sua visão de mundo, sempre de acordo com seus interesses.
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Surge também, aqui e ali, a insinuação de que há cerceamento da liberdade... a democracia correndo riscos!... Há poucas semanas, a declaração da malfadada SIP (Sociedade interamericana de Imprensa) de que "Lula não pode ser chamado de democrático"... isso, com toda essa mídia corporativa falando e escrevendo o que quer! Não há, pois, cerceamento à liberdade de expressão e tampouco dos direitos do cidadão, como se deseja propagar. Como também não há crise nas instituições do estado. Não há nenhum risco à democracia brasileira, aliás, poucas vezes na história ela esteve tão robusta e promissora!
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Ocorre mais uma vez que a velha burguesia, corroborada em sua visão de mundo pela velha mídia, perde sua influência política, seu poder, e naturalmente, sua competência em aceitar o mundo em sua diversidade. "O povo não está apto a decidir", esgrimem os jornalistas absortos de sua função social, "e se dá por satisfeito com dinheiro no bolso"... O que dizer desse tipo de bobagem elaborada em um programa global?
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Esses avatares da informação descartam, assim, a capacidade de apreensão da realidade por parte das classes menos favorecidas, como se elas não soubessem discernir os acontecimentos, como se elas fossem incompetentes em tudo, exceto para servir! Os sábios da banalidade entendem que, se o povo participa e consome, trata-se de uma circunstância sem importância, que não deveria pesar na decisão política... santa ignorância!
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O neoliberalismo é a faceta mais inescrupulosa desse sistema excludente em que vivemos, e seus prebostes se aplicam em preservar os privilégios adquiridos por seus iguais. Toda a ampliação do bem-estar e da universalização dos direitos sociais serão vistos como uma distorção, e quando não com repulsa. É difícil, para os turistas desse mundo líquido-moderno, conviver com as diferenças, quanto mais, tolerar o exercício dos fundamentos da democracia.
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À burguesia mais privilegiada e autodenominada erudita, resta o direito de vociferar. Enquanto acompanha seu candidato despencar nas intenções de voto, expõe seu desencanto com o mundo, aprofundando seu desprezo pelo povo e por sua opção política. No dia-a-dia, nos colóquios entre iguais, viceja o ódio, que se lhe escapa pelos cantos das bocas macilentas e irradia pelos olhares rubros, inconsolados... Torna-se suscetível, de bom grado, a qualquer mudança abrupta no jogo político... Passa a abraçar silenciosa e covardemente a sugestão de golpismo, a ruptura vil do regime democrático, em nome da manutenção da sua ordem e dos seus privilégios...
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Tal quadro bestial seria, em última instância, o pavoroso sucesso do discurso da velha e condenada mídia (ainda) hegemônica...
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