28 janeiro 2025

O chatbot chinês


Em uma parede de Nápoles


O mundo segue sob o estrebuchar de uma direita desvairada, que regurgita ameaças sem um princípio sensato, sem uma virtude objetiva. Promove em escala mundial o ódio, a segregação, o individualismo, o medo, a desrazão. Não foram apenas os decretos assinados por Trump em sua posse, por si só um gesto simbolicamente arrogante, mas os ecos dessa empáfia que percorreram o mundo, formatados nas declarações de Milei em Davos contra a pluralidade de gênero, e mais recentemente, em repetição às diatribes de Trump em relação ao México, prometendo construir um muro na fronteira com a Bolívia, um muro de 200 metros, cuja serventia é desconhecida. Como Trump e Milei, espalham-se os falastrões, pequenos, médios, grandes, com o entusiasmo de promover um radicalismo neoliberal do qual não assumem as consequências éticas, políticas, sociais, e que ali na frente se encontra com os dogmas fascistas. Somos um planeta que adoece sob a destruição por um capitalismo demente, que produz em escala jamais vista antes bilionários na medida que empurra milhões de seres humanos para a vala comum. A trégua em Gaza é um acontecimento bestial, pois a partir desse momento artificial de paz, podemos acompanhar as dezenas de milhares de pessoas regressando aos seus lares, sobreviventes, caminhando e levando seus corpos sob os escombros. Nada sobrou, e muitos foram mortos sem misericórdia. O objetivo principal, o resgate dos reféns israelenses, só ocorre agora com as negociações, que podiam ter sido encetadas no começo. Ruínas, morte, destruição, isso me parece a imagem desse capitalismo pernicioso, que blasfema e se militariza, enquanto fenece. Uma pequena empresa chinesa golpeou em quase 1 trilhão de dólares as poderosas companhias estadunidenses do setor de tecnologia ao desenvolver um chatbot bom e barato. Trump vai espernear, mas o que pode fazer, sancionar os chineses? Não vai dar certo. Gastar um dinheirão a mais? Pode ser. Bater na mesa como um valentão? É provável, mas isso não impedirá que ele entenda o movimento dos mercados (que ele tanto ama) em torno das melhores oportunidades.



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