No domingo, houve a
queda do governo Bachar al Assad, na Síria. As informações são desencontradas,
embora tendam a aliviar as análises do grupo que tomou o poder, outrora um
braço da Al Qaeda. Divulgam-se as notícias de que o ogro foi derrotado,
amparadas por depoimentos de populares que temiam o ditador. A verdade é que a
Síria deverá permanecer fragmentada, mais ou menos como ocorreu na Líbia, onde
não foi possível (ou não foi permitida) até hoje a reconstrução da nação.
Neste mundo de controle e
segurança os velhos déspotas podem cair, mas o que se sucede é o fracasso da
unidade política e a consequente fragmentação dos interesses, cada qual
sustentado pela geopolítica redigida pelas potências militares, os novos déspotas.
Há pouco lia uma matéria que
apresenta o conceito tecnofeudalismo, do economista grego Yanis Varoufakis,
onde, de modo rápido e simplista, "a extração de valor tem se deslocado
cada vez mais dos mercados e para plataformas digitais, que operam como feudos
ou propriedades privadas". O tema não vem ao caso, talvez discutirei em outra ocasião, já estou cansado disso. Do meu ponto de vista, a manu
militari com suas ogivas e foguetes apenas comparece para corroborar o poder do capitalismo e dessa sua nova roupagem, basta que vejamos, por exemplo, como Elon Musk dá as cartas a
partir de seus interesses.
Nada parece satisfazer a alguém, e ao mesmo tempo todos permanecem felizes com esses desmembramentos das nações, ou com o poder das plataformas digitais. No primeiro caso, anula-se a presença política anterior, enquanto se escancara as portas da exploração das riquezas naturais; no segundo caso, amplia-se a sensação de liberdade pelo direito ao consumo, com a subsequente preservação das relações capitalistas e tecnofeudai). Nações desmembradas não têm como influir em seus destinos: por mais que as populações demonstrem alívio, a verdade é que elas permanecerão em um estado de subalternidade, com um ganho desprezível de liberdade individual. E padecerão cada vez mais pobres, vide a Argentina de Milei, um sucesso para o chamado mercado, uma agonia para o grosso da população.
Esse prolongado enfraquecimento da voz social deseja se confundir com a difusão dos direitos individuais. Mas o silêncio permanece, estressa, segrega, e se manifesta no fim das contas como um ensinamento covarde para a sobrevivência.
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